Janelas de Olinda - parte 2


    Localizado no Alto da Sé, em Olinda, existe uma construção que se contrasta com a arquitetura colonial dessa parte da cidade. É a Caixa d'água. Foi projetada por Luís Nunes e construída em 1934. 
   É considerado um marco na arquitetura moderna, principalmente devido ao uso de pilotis (área aberta com as colunas expostas), fachada cega (sem janelas ou aberturas) e uma totalmente vazada. Foi a primeira vez que se utilizou no Brasil o combogó, que serve como objeto de decoração, ventilação e para permitir maior iluminação natural.
       Segundo o guia turístico, aquela fachada de combogó era interessante, pois permite que a pessoa dentro do prédio possa nos ver sem que o inverso seja possível. De fato, com aquela fachada completamente vazada, é difícil perceber que alguém nos observa. Muitas pessoas gostam desse tipo de estrutura. 
    Alguns utilizam janelas com persianas ou venezianas. Dessa forma, é possível dar uma espiada no que há lá fora sem ninguém lhe condenar como curioso ou fofoqueiro. Sem contar com a privacidade, que parece estar ameaçada de extinção nas ultimas décadas.




     Próximo de Olinda, em Recife, existe exemplo de prédio com características similares. Um edíficio com fachada de vidro também pode permitir que apenas aqueles dentro do prédio possam ver o que há lá fora, sem que o inverso ocorra. De fato, cada vez mais precisamos de privacidade. Com cada vez mais pessoas, câmeras fotográficas, internet e falta de bom senso, a privacidade e a tranquilidade acabarão se tornando artigo de luxo.
       Sim, as pessoas procuram diversas maneiras de resguardar sua seus pensamentos, atitudes e sentimentos. Tem medo de expor eles. Parece que assim como a tendencia moderna de prédios com fachadas espelhadas, as pessoas querem imitar o que há lá fora, refletir o que os outros querem, sem exibir seu "eu interior". 
   De fato, vivemos de fachadas: status social, fama e beleza física. Isso é perigoso, pois diferentemente dessas maravilhas da arquitetura moderna, as fachadas sociais não possuem pilares e nem esqueleto estáveis. Logo, não são duradouras.


Alexandre Valério Ferreira



REFERÊNCIAS:

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