Pare! Olhe! Escute!


De Alexandre Valério Ferreira


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   A placa alertava. Pare. Olhe. Escute. Então, eu parei o carro, olhei para os dois sentidos e, ainda por cima, escutei atenciosamente. Nenhum trem ia passar por ali naquele momento. Prossegui minha viagem.
  De repente, comecei a achar graça na placa. Ela falava pouco, mas suas palavras diziam muita coisa. Em quantas situações esse conselho não poderia ser útil e eficaz? Acredito que em vários. 
  Apesar de serem poucas as palavras, difícil é de se executá-la. Não que as ordens exigissem algo impossível de se fazer. Longe disso. Mas, ela requer algumas qualidades de quem a lê.
  Pare. Nem todos param. Alguns não querem. Outros, não se importam. Note, portanto, que o ato de parar envolve reconhecer uma situação. Analisar os riscos. Tomar tempo. Calcular as circunstâncias. Prever as consequências de não obedecer. 
  Eu sabia que existia um risco ao atravessar aquela linha do trem. Poderia ter passado sem nada sofrer? Poderia. Teria chance de eu morrer? Sim. Seria necessária tanta pressa? Geralmente, não.
  Requer humildade decidir parar. Não é fácil. Em muitas ocasiões da nossa vida, saber quando parar pode modificar totalmente os resultados de nossas ações. Parar um pouco nos dá o tempo necessário para pensar. E esta ação pode alterar tudo.
  Responsabilidade também é necessário ao decidir parar. Eu parei o carro, pois sabia dos riscos e considerei desnecessário atravessar imediatamente. Quando paramos e pensamos nas consequências, podemos deixar de tomar péssimas ações.
  Olhe. Eu olhei para os dois sentidos da linha do trem. Por que para ambos os lados? Simples: a locomotiva poderia vir de qualquer uma das direções. Nada na esquerda. Nada na direita.
  Olhar requer tempo e atenção. Em muitas situações da nossa vida, precisamos ter paciência. Talvez precisemos amadurecer. Ou, se não, a outra pessoa. Quem pode saber? Espere. Assim, poderá analisar melhor e tomar melhores decisões.
  Não esqueça de olhar para os dois lados. Não subestime os riscos. Nossa preguiça pode causar muita dor depois. Não fuja dos problemas. Encare-os sem medo. Seja um bom observador. Evitará agir precipitadamente.
  Escute. Nessa altura, eu já havia perdido alguns segundos por parar e olhar. Deveria seguir, então? Não, ainda era necessário mais uma etapa: escutar. Por quê? Porque todo cuidado é pouco.
  Quem sabe eu não tenha observado com cautela? Quem sabe minha visão não seja tão boa? Será que eu confundiria o trem com outro objeto qualquer? Se isso ocorresse, eu estaria desconsiderando um grande risco à minha vida.
  Escutar garantiria a segurança ao atravessar o cruzamento da linha férrea. O apito é o sinal de alerta que os maquinistas fornecem aos motoristas. Querem nos alertar. Sabemos que um trem possui grande inércia e, por isso, ao frear, não irá parar automaticamente. 
  Escutar requer atenção. Requer também que evitemos distrações, como o som do carro em alto volume. Talvez, tenhamos que baixar o vidro da janela, a fim de melhorar a audição. Faria isso? Mesmo não sendo divertido, o risco exige que ajamos dessa forma.
  Escutar as pessoas é ainda mais difícil. Talvez, a pressa nos torne um pouco surdos. Algumas vezes, não temos paciência para ouvir e, dessa forma, entendendo as coisas de forma errada. Diversas vezes, maus entendidos ocorrem porque uma das partes não tomou tempo para ouvir direito.
  Sim, uma placa aparentemente sem importância, na verdade pode servir de lição. Como eu disse no começo, é difícil ser assim. Mas, o risco de não o fazer pode nos motivar a agir.
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