Naquele Bendito Jogo de Damas


De Alexandre Valério Ferreira



  O parque era novo, mas o jogo era antigo. Talvez muitos desta geração já não encontrassem objetivo naqueles quadrados preto e branco dispostos alternadamente. Quem jogaria damas quando tinha um Smartphone para acessar a Internet?
  Eu era esse tipo de pessoa. Talvez não achasse o jogo de damas o melhor de todos. Nem eu era um fanático por esse tipo de brincadeira. Ainda assim, costumava realizar partidas com amigos e parentes. Geralmente eu ganhava, modéstia a parte.
  A graça de jogar damas na praça não é fato em si. Era mais do que isso. Se fosse apenas pela partida, eu poderia realizar no computador em casa contra a máquina ou alguém do outro lado do mundo, se eu quisesse. Mas, não era esse meu objetivo.
  A intenção do jogo de damas eram os encontros. Rever os amigos. Jogar conversa fora, enquanto tentava criar uma estratégia de vitória. Isso sim era interessante. As conversas pareciam ser apenas o plano de fundo dos jogos, mas na verdade era a razão e motivação daqueles momentos.
  Gosto de tecnologias. Não posso negar isso. Entretanto, continuo a preferir esses momentos simples de descontração. Existe algo de único nisso tudo. Algo que não dá para ser simulado por um programa de computador. Esse caos de coisas boas e ruins, surpresas, olhares, sentimentos, emoções, erros e acertos. 
  Isso tudo não existe nos jogos virtuais. Você possui várias chances neles. Existem as "vidas" extras. No mundo real, por outro lado, as coisas não funcionam dessa forma. Tudo é incrivelmente mais complexo. E ainda bem por ser assim!
  Por essas e outras, continuo com minhas partidas de damas. O parque é o encontro. A mesa é o tabuleiro. Os amigos são a torcida. A conversa fiada é a narração. O tempo é um detalhe. Os sorrisos não precisam de câmeras. Tudo é complexo e estranhamente simples.




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