Do Contrato [Anti] Social

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De Alexandre Valério Ferreira


  Nas relações sociais, existem contratos implícitos, ocultos. Como não são escritos (e talvez, mesmo que fossem...), existe sempre confusão nas interpretações e compreensão de significados. Dentre esses problemas de entendimento, está o relacionado com o que eu chamo de "contrato antissocial".
  O contrato antissocial tem como objetivo definir limites. Na verdade, são barreiras sociais pré-definidas e socialmente "aceitáveis" (não são extremas ou radicais). O isolamento é o alvo a ser alcançado. O solidão é a tortura (ou alegria) a qual se procura alcançar.
  Entende-se que o convívio social é importante e vital para nossa existência. De fato o é. Porém, existem momentos que desejamos estar sós. Não por que odiamos as outras pessoas ou por alguma forma de preconceito, mas pelo desejo simples de nos encontrar conosco mesmo. Às vezes, é tudo o que precisamos. Assim, creio que esses momentos de solidão não representam uma aversão à própria espécie.
  Uma técnica que indica o desejo de um momento de solidão é o uso de fones de ouvido (headphones). Quem está com fones de ouvido não deseja ser atrapalhado, a não ser que seja por uma causa realmente importante. Infelizmente, as pessoas não costumam entender isso. 
  Na verdade, algumas pessoas colocam fones e não se apercebem da mensagem que estão transmitindo. Se você está numa festa e começa a usar headphones em um sofá calado é claro que entenderemos que você não quer diálogo, conversa, interação social.
  Porém, em muitos dos casos, a pessoa desejava sinceramente estar se divertindo ou conversando. Porém, ao ser incapaz de iniciar um conversa interessante e por medo do fracasso de tentar, talvez ponha essa barreira social chamada fone de ouvido.
  Existe um entendimento social comum que diz que se alguém responde friamente, provavelmente ela não quer conversar. Afinal, o diálogo é como jogar bola com um amigo. Você envia a bola e espera que ela retorne. Se isso não ocorre, ou é feita sem interesse, não faz sentido continuar. 
  Sem querer (ou com querer), a gente responde de forma ríspida ou fria. Talvez usemos de poucas palavras. Talvez aquele jeito lacônico de respostas rápidas seja de nossa criação. De repente, virou um processo automático e inconsciente. De qualquer forma, a ideia de isolamento e indiferença é transmitida.
  Complicado é saber quando se quer ou não dialogar. Por ser um verdadeiro caos nossa comunicação, o que resta é persistir. Erro e acerto. Ou, quem sabe, deixar a conversa para uma ocasião melhor. 
  Se você quer ficar só um pouco, o contrato antissocial pode não te ajudar. Se você quer realmente se afastar das pessoas, vale a pena utilizar as técnicas dos fones de ouvido, rispidez, óculos escuros ou a tal da risada-que-diz-que-não-tem-graça.





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