A carta

Cartas. Foto: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiC9xGCfpQycOhnp0xqoAHZsTPBY5QagXnllTsc29EfL5EIT4w2YR_5RapdeAfAMB9PGdoyGHxR6y2jPvIrjE5MT8F2-aFfraftWQR7NQKUdGKyNpx_VSHGqMnyshVcoZiQTwk9aHTY4gE/s1600/bula+selo+carta+antiga%5B3%5D.jpg.
  Um dia recebi uma carta. Que coisa estranha! Fiquei até assustado. Carta? Que é isso? Nunca mandei carta para ninguém, como esperaria receber uma? De fato, era uma carta pequena, mas volumosa. Devia ter muita coisa escrita nela. Mas, estou cansado. Não tenho tempo para ler. Será que terei paciência? Espero que seja de alguém importante. Espero que valha a pena esse tempo perdido.
  Não sabia nem abrir cartas. Eu sei, você deve estar me achando um idiota, mas não sou (acho que não). Mas é que fazia anos que não via uma carta. Tudo era por Email  Eu sei que um dos símbolos de Email são as cartas (pode ver, os ícones de Email geralmente são representados por uma carta). Afinal, é o chamado correio eletrônico. Porém, uma carta é algo diferente.
  A principio, não dei valor. Mas, comecei a ler a mensagem. Era da minha tia-avó. Ela estava um tanto doente e mandava noticias. Onde ela morava, telefone não tinha. Era realmente um interior muito esquecido. Achei a carta um tanto melosa. Mas, depois de um tempo, gostei do que li. Não só gostei, fiquei triste. Mas, não foi com ela, mas sim comigo mesmo.
  A carta tinha uma bela letra. Foi ela mesma que redigiu, minha tia-avó de 90 anos. E não era um texto curto. Ela contava como estava por lá e perguntava sobre minha vida. Parecia me conhecer bem, apesar de a gente mal se ver. Engraçado isso era. Afinal, quantas pessoas sabem qual minha cor ou prato favorito, do que tenho medo e como eu era quando criança? Poucas, de fato. Na vida agitada de hoje, esquecemos dos detalhes. Porém, estes parecem fazer toda a diferença. Sim, nessas cartas escritas a mão, havia muito mais vida que as inúmeras mensagens eletrônicas que recebo.


Alexandre Valério Ferreira




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