Fogo

Fogo. Foto: http://2.bp.blogspot.com/-HcARrJTvkck/TpnQA688GcI/AAAAAAAAIWg/38qQposyjTY/s1600/Secret+Lover-Imagens+de+Fogo+11.jpg

  Não tinha jeito. Ele era uma menino "malino", como diziam alguns. Danado e buliçoso. Mas, também gostava de ler, gostava de aprender coisas novas. Traquino, era também obediente, as vezes. Todavia, parecia tentando pelo fogo. Como assim? Do que estamos falando? Era um garoto, um pivete, um moleque, que morava na vizinhança.

  Criança longe dos pais é risco constante. Procuram sempre alguma cosia para mexer. Na ausência dos pais em casa, nem que seja por curto período, requer atenção de todos os vizinhos. São momentos críticos. Este garoto, especialmente, tinha uma paixão por fogo. Parece que isso é mal de criança. Sério! Criança gosta muito de mexer com fogo, de queimar alguma coisa. 

  Que seria o motivo para tamanho interesse por fogo? Seria sua cor viva e atraente? Talvez o risco ou o mistério daquilo que ele pode causar de verdade? Será que os pais estão realmente certos? Pode ser que seja isso que os meninos pensem. Talvez se sintam atraídos ao fato do fogo alterar os materiais. Como assim? Após queimado, as coisas mudam. Afinal, o fogo é resultado de uma reação química. É uma liberação de energia de um processo químico. 

  O menino, na sua tolice, queimava seus próprios brinquedos ou pedaços de papel. Era fácil a mãe descobrir o delito. Mas, sua danação continuava. E das outras vezes, ele não apenas queimava, mas "sabiamente" varria a casa para que sua mãe não visse nem um resquício de cinza, comprovando o crime. Porém, o pobre garoto esquecia que o cheio de fogo fica fortemente impregnado na casa e assim ele era facilmente descoberto. E lá se vai mais disciplina.

  Entretanto, de tão desobediente que é, ele decide não apenas incendiar brinquedos e papeis em sua paranoica paixão pelo fogo, mas também varrer (para tirar as cinzas) e perfumar a casa. Assim, disfarçaria o cheio de queimado. Sinto pena dessa criança. Ainda não entendia como as mães são de verdade.

  Mãe conhece a gente. Sabe quando a gente fez alguma coisa errada só pelo olhar e pelo comportamento. Quando a mãe do garoto sentiu aquele forte cheiro de perfume, logo questionou o menino, que de tão inocente, acabou se entregando. Espero que hoje ele tenha aprendido a lição...

Alexandre Valério Ferreira