Diário de um diário
Sou um diário. Dizem que meu
objetivo era guardar memórias da pessoa que fosse meu dono. Segundo meus amigos
diários, tais pessoas geralmente eram adolescentes que falavam de seus medos e
romances. Acho que eles eram muito negativos. Eu estava ansioso para ler as
historias de vida de alguém. Até que dia um rapaz me levou.
Ele era meio desleixado,
desmazelado, não se preocupava muito com a aparência e era muito calado. A
princípio eu o achei muito chato, meio careta. Não sei. Logo notei que sua vida
era uma verdadeira rotina: tomava o café-da-manhã, estudava numa escola pública
relativamente longe da casa dele, trabalhava num mercantil de um tio e a noite
fazia os deveres da escola. Era sempre assim.
Fiquei com raiva! Que tédio! Eu
queria alguém que tivesse uma vida animada, cheia de historias e interessantes,
com muitas fotografias e segredos incríveis. E se isso não fosse suficiente, eu
ainda vivia sofrendo com umidade. Minhas folhas viviam se dobrando por causa da
água. Onde eu fui parar? Será que ele não se preocupa comigo? Queria um dono
melhor.
O ano estava passando, mas os
textos do garoto pareciam tudo a mesma coisa. Eu nem prestava mais atenção. Pra
quê, afinal?! De repente, ele parou de escrever. O que será que aconteceu?
Passou uma semana e nada dele aparecer. Comecei a sentir sua falta. Então,
depois de duas semanas, comecei a ler o que ele escrevera em mim. Queria
entender. Descobri que ele estava triste por causa de sua mãe doente (como eu
não prestei atenção nisso?). Estava difícil se sustentar (por isso a casa
simples e úmida?). Começou trabalhar o dia todo (não podia abandonar os
estudos!!!). Fique muito frustrado. Não fui um bom diário. Eu queria que
ele voltasse.
Ele voltou! Fiquei tão feliz!
Já haviam se passado quase dois meses. Ele parecia bem. Pelo que notei, ele
voltou a estudar. A mãe dele proibiu que ele parasse de estudar por causa do
trabalho. Ele escreveu que ela disse que queria um futuro melhor para ele (ela
mal sabia ler).
A vida voltou a sua rotina. Não havia novidades, nem eventos muito especiais, nem histórias maravilhosas, nem mesmo uma foto. De repente, senti que eu gostava daquele "tédio". Eu estava feliz, enfim. Não queria que ele deixasse de escrever nunca mais. Ai acabou o ano.
A vida voltou a sua rotina. Não havia novidades, nem eventos muito especiais, nem histórias maravilhosas, nem mesmo uma foto. De repente, senti que eu gostava daquele "tédio". Eu estava feliz, enfim. Não queria que ele deixasse de escrever nunca mais. Ai acabou o ano.
Alexandre Valério Ferreira
uuuuuuuuuualllllll que bela historia!!parabens Alexandreé um belo escritor!!!ameiiii!
ResponderExcluirMuito obrigado! Fico feliz em saber que gostou!
ExcluirAlexandre,
ResponderExcluirExcelente texto! Não conhecia esse seu lado escritor. Continue escrevendo e deixando que sua mão faça suas idéias tomarem forma.
Um grande abraço!
Ow rapaz! obrigado! Isso me anima bastante!
ExcluirContinuarei sim! gostei muito!
Abrçs!
Tudo de bom!
É isso aê...amei esse ><'
ResponderExcluirObrigado!
ExcluirÉ o meu preferido!