A agonia da rosa

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Pobre Rosa vermelha. Plantada no meio do jardim, a preferida do velho senhor que era dono daquela casa e amada por todos da vizinhança. Sem dúvida era a mais bela e encantadora flor daquele oásis de cores e vida. Nenhuma outra se assemelhava a ela. Era o destaque do bairro. Vinham gente de diversos lugares apenas para contemplá-la. Ela, realmente, era única na região.

  Triste, entretanto, era saber que não era assim que a Rosa vermelha pensava. Desde cedo, ela foi a mais querida do velho jardineiro. Mas, ela achava que era odiada. E por qual razão ela pensava isso? Não deveria ter era excesso de orgulho, o defeito comum dos belos? É... poderia... Todavia, aquela rosa era realmente diferente. Ela era uma rosa deprimida, desacreditada. Não tinha uma gota sequer de autoestima. A sua beleza não a convencia de sua grande formosura.

  Acreditava ela que aqueles que a olhavam só viam seus defeitos. Pena dava em notar quanta agonia ela sentia a cada espinho novo que nela nascia. "Sou feia e espinhenta. Todos me olham com nojo, só pode!", dizia para si mesma a Rosa. Para ela, as outras flores não eram tão vistas porque eram belas. Quanto a ela, todos deviam se espantar com seus terríveis espinhos. "Sou horrorosa", imaginou a triste Rosa em sua triste agonia. Chorava e nunca sorria. Incrível era que, mesmo assim, em toda sua dor, nunca perdia seu encanto.

  Eu queria que o seu final fosse feliz. Queria do fundo do coração que a Rosa visse sua beleza! Ela não acreditava ser bela, nem com toda a fama e carinho que recebia. Ela parecia não querer ser feliz. E, por não querer ser feliz, só encontrou a tristeza. A tristeza parecia ser seu refúgio. Mas, digo que, mais do que refúgio, era sua prisão. Eu queria libertar a Rosa. Mais do que isso, queria que a Rosa se libertasse, queria que ela simplesmente acreditasse que podia ser feliz.

Alexandre Valério Ferreira