Carolina

Foto: http://www.joaoleitao.com/tatuagem-nome/wp-content/uploads/carolina-nome-feminino-desenho-tatuagem-28.png

De Alexandre Valério Ferreira

____________________________________________________

  Carolina (mais conhecida como Carol) gostava de seu nome. Agradeceu sua mãe por ter tido bom gosto. Entretanto, com o passar dos anos, começou a sentir um certo incômodo por ser assim denominada. Na verdade, ela estava cansada de conhecer tantas pessoas chamadas de Carol.
  Em sua turma, haviam 4 meninas com diferentes versões de Caroline. Era a Carolina de Tal, a Karoline de Isso, a Karoll Daquilo Não Sei o Quê e a Karolina Disso e Acolá. Porém, no mesmo curso, haviam pelo menos mais umas vinte pessoas com o mesmo nome. Era uma infestação!
  Como se não bastasse, cinco primas dela também se chamavam de Carol. Ela possuía três amigas com o mesmo nome. Isso lhe causava muitas situações constrangedoras. Era comum haver confusão sobre qual das Carol estavam chamando.
  Também era comum que boatos sobre outra Carol chegassem até ela erroneamente. Fofocas direcionadas para outra pessoa acabam manchando a pessoa da Carol da qual falamos nesse texto. A vida da Carol era realmente complicada.
  Na rua, já por diversas vezes, ouvira alguém gritar por CAROL e não se referir à pessoa dela. Ela estava cansada de ir falar sorrindo com alguém que a chamou e descobrir, para sua vergonha, de que era outra pessoa atrás dela com quem o fulano queria conversar.
 Era Carol para tudo quanto era lado. Sua chefe se chamava Karol. Sua melhor amiga também. A atendente da padaria, a balconista do mercantil da rua, a manicure, a professora de história, a secretária do setor de pós-graduação, a delegada do bairro, a apresentadora do jornal local, enfim, parecia que as mulheres do mundo inteiro agora se chamavam Carol...
  Sua mão não conseguia entender. Era um nome bonito, simples e fácil de se escrever. Não conseguia descobrir porque se tornou tão popular. Ela revelou que pensou em chamá-la de Maria ou de Bruna, mas na época também eram nomes comuns. 
  Carol pensou em mudar seu nome por conta própria. Mas, para qual? Jéssica? Não, pois conhecia 10 amigas com esse nome. Fora as colegas de trabalho. Camila? Também não. Haviam pelo menos mais 8 delas na família e vizinhança. Amanda? Beatriz? Isabela? Ana? Vanessa? Carine? Não, não, não e não!
  Pelo visto, não havia solução. Restava apenas para Carol passar o resto da vida com aquele nome banal. Mas, um dia ela descobriu algo que a reanimou. Trabalhando no IBGE, ela conseguiu perceber como sua mãe foi inteligente. 
  No trabalho dela, devia fazer o censo. Durante o serviço, descobriu o nome de milhares de pessoas. E, para seu espanto e consolo, percebeu que alguns pais tinham gostos um tanto exóticos com nomes. Sentia pena de algumas crianças. Achava até um crime o nome que algumas delas infelizmente recebiam.
  Carol passou a se acostumar com seu nome. Afinal, como muito bem cantou Renato Russo, quais palavras que nunca foram repetidas? A vida é dessas coisas. E, assim, Carol viveu feliz para sempre... ops... até falecer... com seu simples, mas bonito, nome.

 ____________________________________________________

 

Comentários

Veja também