Diário de uma Noite de Insônia
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De Alexandre Valério Ferreira
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O cérebro da Paula fervilhava. Parecia água em ebulição. Nada a acalmava. Nem o programa de TV sem graça, nem as redes sociais monótonas ou os joguinhos online. Tudo indicava que esta seria mais uma noite de insônia.
Não é a primeira vez que isso acontecia com Paula. Nos últimos meses, sofrera diversas vezes com noites sem dormir. Tomou um copo de leite, mas não serviu. Tentou chá de camomila que sua avó preparara, porém, sem efeito nenhum.
Estava sofrendo com a tentação de arranjar Rivotril para ver se controlava o sono. Sua tia tomava Diazepam. Mas, ela sabia que esses remédios não resolviam o problema. Com o tempo, precisaria de doses maiores até, por fim, acabar o efeito. Não, ela ainda não chegara a tal ponto.
Mesmo assim, Paula sentia que precisava de alguma solução. Estava cansada das olheiras e amnésia que aquelas noites em claro lhe causavam. A ausência de sono lhe custava também a atenção e a motivação. Era uma situação difícil.
Nesta noite, Paula estava especialmente ansiosa. Pensava no emprego, no estresse do dia a dia, nos problemas de saúde de seus pais, da alta do dólar e também na cirurgia que sua gatinha iria realizar daqui a um mês. Ela também começou a refletir sobre como não estava cuidando da saúde. E também em quão só estava. Nunca mais vira seus amigos. A meses que não ia à praia ou ao interior.
Pensamentos. Pensamentos. Pensamentos. Pobre Paula, não conseguia enxergar o que havia de errado com ela. A ansiedade estava a consumindo e, pior ainda, Paula a alimentava dia a dia com medos e preocupações. Que pena que ela não conseguia tomar consciencia da situação. Apenas sofria e se afogava, gastando suas energias sem ao menos saber que bastava treinar sua mente para saber nadar e assim, dormir.
O relógio do quarto não fazia tic-tac, pois era digital. Não havia mais ninguém para conversar na internet além de estranhos e chatos. Seus parentes dormiam. Até sua gata, que gostava da boemia, estava dormindo confortavelmente na caixa de sapato.
O sono de Paula parecia ter viajado. Mas o corpo dela reclamava por ele. Queria parar. Todos precisamos parar de vez em quando. A mente também precisa de descanso. É necessário paciência a fim de sedimentar todos os fatos e aprendizados de um dia.
Paula estava olhando para o fundo do quarto. Tudo igual. O que havia de errado com ela? Seria algum castigo? Seria alguma doença rara? Estaria morrendo? Medos, medos e mais medos. Quanto mais ela se preocupava com eles, maiores e mais reais se pareciam.
Amanheceu. Paula não se lembrava se dormira ou não. De qualquer forma, isso pouco importava agora que precisava "acordar" para o trabalho. Tomou um refrigerante. Comeu uns salgados que esquentou no micro-ondas. Acessou as redes sociais. Estava já ansiosa por mil e uma coisas para fazer. Mas, não entendia o porquê das insônias. Foi pesquisar, então, no Google enquanto dirigia...
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