Os pedalinhos

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De Alexandre Valério Ferreira

  Pedalava eu tranquilamente. Meus olhares se perdiam observando a mata que rodeava a lagoa. Que cenário espetacular, pensei. Na outra margem, alguns amigos me chamavam de forma estérica. Desafiavam minha capacidade de pilotar. 
  Não pude rejeitar e aceitei. Decidi chegar o mais rápido possível até eles. Quase que automaticamente comecei a pedalar com todas as minhas forças. O objetivo era claro: acelerar o máximo possível. Para meu desgosto, as coisas aconteceram diferente do que eu imaginava.
  Ao invés de ir mais rápido, a velocidade diminuiu. Tentei pedalar ainda mais rápido, usando todas as minhas forças, mas não tinha nenhum efeito. Estava com problemas? Será que eu estava afundando? O que estaria acontecendo?
  Meus amigos maravilhosos desistiram de mim e foram para o restaurante. Cansado e abandonado no lago, eu tentava recuperar o fôlego. Estava prestes a pedir socorro, quando decidi que o melhor seria chegar pelo menos lentamente.
  Para minha surpresa, eu estava deslizando sobre as águas com mais velocidade. Que estranho. Será que o problema se resolvera por si só? Decidi acelerar e o resultado foi o mesmo de antes: fiquei quase parado! Pedalei calmamente e com constância e o resultado foi o movimento rápido.
  Parecia uma coisa boba. Talvez seja, não sei. Mas, aquilo me fez refletir. Gosto de analogias. Esta seria mais uma. Pensei em quanto esforço inútil eu depreendi para acelerar. Como eu estava iludido! Sempre achando que a força é sempre a melhor solução.
  Notei que na verdade eu havia deslizado na água. Como um carro que acelera rapidamente e os pneus deslizam sem movê-lo, eu acelerei além da velocidade que permitia o atrito e movimento com a água. O segredo estava em ir na velocidade que era permitida pelo equipamento. Acelerar naquele caso era equivalente de atrasar.
  Parecia comigo às vezes. Queria fazer tudo mais rápido, pensando que teria melhores resultados. Tola ilusão. Por querer fazer tudo num ritmo além do suportável, fazia menos do que tinha capacidade. Esforço inútil. É como as pessoas que não sabem nadar e se afogam. Gastam muita energia com esforço sem resultados. Se concentrassem suas forças em poucos movimentos, conseguiriam flutuar ou se aperceber de que poderiam sobreviver.
  Para quê tanta pressa? Muitas coisas funcionam em outros ritmos e temos que lidar com isso. Um resgate precisa de urgência, mas uma pizza nem tanto. Tudo tem sua velocidade. Tentar queimar etapas pode resultar em mais prejuízos do que lucros. Pense nisso.


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