O triste fim do NERD que desejava ser professor

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De Alexandre Valério Ferreira


  Pedro era um cara muito inteligente, sabe? Daqueles que já nasceram amando os estudos. Tinha enorme curiosidade pela vida e sobre como ela funcionava. Não era difícil tirar boas notas na escola, pois, afinal, aquilo era mais uma diversão do que uma obrigação.
  Talvez por saber da importância do conhecimento para a sociedade e as pessoas, Pedro decidiu se tornar professor. Durante a faculdade, continuava se saindo muito bem e era querido pelos professores dele. Terminou em 4 anos e logo começou a atuar.
  Para desgosto dele, suas aulas não era das mais desejadas pelos alunos. Pedro sofria com o barulho e desrespeito de alguns de seus pupilos. Não sabia como convencer esses garotos a estudarem. Para ele, não fazia sentido tamanho desgosto pelo aprendizado, pois, era algo que ele amava genuinamente.
  Isso tornou Pedro uma pessoa desanimada. Aos poucos, foi perdendo o gosto pela docência. Parecia que não havia mais jeito para aquele mundo onde haviam inúmeras distrações. Ele não conseguia motivar seus alunos.
  Mal sabia Pedro que o grande desafio não era exatamente o que ele imaginava. Talvez ele não se apercebesse que ele e não seus alunos costumava amar aprender e estudar. Ele conseguia perceber os benefícios. Ele que era curioso. Ele que pensava nos resultados futuros e tinha paciência de esperar. 
  Seus alunos não eram assim. Pelo menos, não a maioria. Entretanto, essa é a realidade. Não que seja péssimo, pois, afinal, o sistema tradicional de ensino nas escolas está mais do que atrasado e usam técnicas que não estimulam os jovens. 
  Pedro não conseguia estimular seus alunos. Não tinham nem como, pois não conseguia desenvolver empatia suficiente para saber como lidar com quem não gostava dos estudos. Para ele, ler e estudar era algo naturalmente agradável. Mas, os outros nem sempre tinham essa preferência.
  Talvez o erro de Pedro tenha sido levar tudo para o lado pessoal também. Pensou que a culpa de tudo era apenas dos jovens. Talvez fossem inúteis, rebeldes e sem respeito. 
  De fato, em alguns casos isso pode ser verdade. Mas, não na maioria. Se Pedro tivesse se apercebido de que não precisava obrigar os jovens a gostar de estudar, mas demonstrar como aprender é algo agradável, não teria desistido de lecionar. Não precisava se culpar nem aos garotos. Não haviam monstros nem inocentes nessa história. Todos tinham parcelas de culpa e inocência. Difícil era aceitar que as coisas funcionassem dessa forma.
  Agora Pedro trabalha com outros projetos. Não tem paciência para ensinar outros. Prefere fazer as coisas sozinho ou, senão, com pessoas que também sejam tão interessadas quanto ele pelo conhecimento. Pedro vai levando a vida.







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