Entre galhos e nuvens


De Alexandre Valério Ferreira

  Desde que eu me mudei para Viçosa do Ceará, não tem um dia sequer que eu não vá na Igreja do Céu. Não, não é um voto religioso ou algo do tipo. Subo os 334 degraus (parando aqui e acolá, pois não sou exatamente um atleta). E vou para os jardins que ficam do lado.
  Existe uma ampla área com grama. É um local excelente para tirar fotos. Os turistas estão sempre matutando por lá. Mas, não vou para fotografar. Na verdade, tenho o hábito de ficar lá para simplesmente enxergar a vida. 
  Como assim? A tranquilidade da visão do mirante é maravilhosa. O clima úmido, o som da brisa nas árvores, a neblina que se forma em alguns momentos, enfim, tudo me levava para um momento de tranquilidade.
   Costumo ficar na grama, sentado ou deitado, observando os galhos e as nuvens. Não caço algum belo pássaro ou alguma espécie de primata. Fico apenas observando as nuvens passar e as folhas dançarem.
   É engraçado que as vezes nossa visão nos confunde. Há momentos que parece que as nuvens estão paradas, fixas, e nós é que estamos nos movimentando. Quando criança, eu me perguntava se estávamos na verdade em um gigantesco barco navegando em um oceano gigantesco.
   De certa forma, eu estava certo. Afinal, a Terra está girando em torno de si mesma. Estou em movimento. E estamos navegando na imensidão do Universo. Isso me assusta de vez em quando. Mas, estou em minha nave-mãe.
   Gosto de ouvir música. Porém, gosto ainda mais de ouvir o canto do vento. Seus assovios pelas árvores. Parecem estar querendo chamar nossa atenção. Parece com as mães que tentam acalentar seus bebês fazendo um pequeno chiado em seus ouvidos.
    Fico alguns minutos. Esqueço de algumas coisas. Lembro de outras. É a vida. Não adianta fugir. Mesmo assim, são momentos de tranquilidade como esses que nos acrescentam vida e gratidão. Que o vento continue se movimentando, pois a vida...bem... a vida é mudança.

 

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