Carta Urbana

Cosmopolita. Foto: autor.
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Querida amiga,
  Com grande alegria recebi sua carta. Admito que fiquei um tanto surpreso. Você sabe como é: era da informática. Mas, o papel é mais tocante, pois é real. Gostei da sua letra. Estava desacostumado a ler textos escritos a mão.
  O convite para visitar seu interior é tentador. Pensarei seriamente. A vida aqui, como você sabe, é agitada. Quando estou ai, sinto, como você mesma disse, em câmera lenta. Parece que o tempo perdeu a noção do tempo.
  Você se lembra daquela avenida que possuía inúmeras árvores? Pois é...algumas delas foram retiradas. Disseram que corriam risco de cair...Desculpa... E se lembra daquele parque ecológico que costuma ser invadido pelas imobiliárias criminosas? Parece que vão destruir ainda mais.
  É, minha amiga. Esta minha cidade está sem memória. Isso é péssimo, pois esquecer o passado é correr o risco de cometer os mesmos erros. Trágico! Acho que vou embora. Não aguento mais. Cada dia que se passa, aqui está mais quente.
  Não é para menos. Tem cada vez menos área verde e cada vez mais prédios, que bloqueiam a ventilação de metade da cidade, um verdadeiro paredão desumano. De um lado da cidade, continua a brisa forte e úmida. Do outro lado, só resta o vento quente e seco. A cidade virou asfalto e prédio. Não considero mais meu lar.
  Mas, como você sabe, eu não conseguiria viver ai. Gosto de tranquilidade, é vera. Mas, gosto da vida cosmopolita. Na cidade grande conhecemos diversas pessoas, ocorrem diversos eventos e existe uma dinâmica maior que no interior. Vou para outra cidade. Vou para outro lar. Quem sabe a gente se vê por lá? Já está convidada!


Alexandre Valério Ferreira

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