Releitura

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   Ler é muito bom. Podemos aprender coisas novas ou nos divertir com uma boa história. Infelizmente, os livros, assim como as pessoas, podem não nos agradar muito. Talvez amigos ou sites comentassem positivamente sobre determinada obra, mas quando fomos ler, acabamos nos decepcionando. Ou, pode ser quer que seja uma obra exigida pela escola ou para alguma prova. 
   Mas, assim como as aparências ou primeiras impressões podem estar erradas, nossa primeira leitura pode ser apenas superficial. Podemos ser condicionados por ideias pré-concebidas ou por nosso emocional. O amadurecimento e experiências de vida podem fazer com que possamos enxergar as coisas de forma diferente. 
   Passei por isso durante minha adolescência de forma bem evidente. No primeiro ano do ensino médio, tivemos que ler o livro O Guarani, de José de Alencar. O livro é da época do romantismo, um estilo literário que se desenvolveu no Brasil em meados do século XIX. O livro foi escrito inicialmente em forma de folhetins, ou seja, eram impressos capítulos da obra diariamente em um jornal.
   Resumidamente, o livro fala a respeito de um índio, Peri, que era extremamente fiel a seu amor, Cecília (ou Ceci). Ela morava em uma casa fortificada de seu pai, de origem portuguesa. A história destaca as cateterísticas das florestas brasileiras e a valorização de uma identidade nacional. A trama engloba romance, lealdade, regionalismo, ambição e traição. O livro é extenso.
   Quando li pela primeira vez, não alcancei nem metade da obra e já desisti. Achei enfadonha, melosa e sem graça. Eu já não gostava de histórias românticas demais. Além disso, aquele exagero nas qualidades de Peri, que mais parecia um super-herói, não me atraia a leitura do livro. Assim, durante aquele ano, apenas aproveite de resumos e das aulas para compreender esta publicação.
   Bem, no terceiro ano, preparando-me para o vestibular, tive novamente que ler este livro. Era uma das obras que poderiam ser exigidas pelo vestibular. Eu estava exausto. Estudávamos longas horas e havia muita coisa para se aprender. A pressão para conseguir ser aprovado era grande. Então, não tive escolha a não ser ler José de Alencar.
   Li em julho. Pensei que não conseguiria até o dia que comecei a ler. Aconteceu algo muito estranho: eu gostei muito do livro. Eu lia todo dia durante uma hora. Comecei a gostar da história e queria saber o que aconteceria em seguida. Parecia uma novela, quando ficamos ansiosos pelo capitulo seguinte, esperando saber como a estória vai se desenrolar. Fiquei surpreso que li esta obra em menos de 18 dias!
   Quando recomecei as aulas, descobri que não fui o único a passar por esta experiência estranha. Fiquei então pensando sobre o acontecido. Engraçado como a minha releitura da obra fez eu ter visões completamente diferente tanto do livro como do seu autor. Agora, eu gosto muito de José de Alencar e sempre me lembro daquele livro.
   Acredito que o motivo de eu ter gostado só na segunda leitura tenha sido as circunstâncias e o amadurecimento.  Talvez naquele ano de tanto conhecimento técnico, por assim dizer, e de tanta pressão, ler aquele livro me levou para lembranças de locais tranquilos, de uma vida mais calma e de um romance inocente e puro. Meu amadurecimento e uma análise mais crítica da obra pode ter me ajudado a compreender como esse livro foi incrível, considerando o período em que foi escrito.
   Fico então me questionando sobre as pessoas também. Quantas vezes temos impressões erradas das pessoas? Quantas vezes julgamos os outros por meros instantes ou por ideias pré-concebidas? E como, por causa disso, acabamos perdendo oportunidades maravilhosas e edificantes? Quantas vezes já fomos superficiais, preconceituosos e injustos? Dá até medo de pensar. Portanto, veja sempre se vale a pena fazer a releitura de alguém. Tenha mente aberta.



Alexandre Valério Ferreira





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