Diário de uma Perseguição


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O som de passos continuavam. Mas, não eram das minhas pisadas. Era de alguém, um estranho. Pensei em olhar para trás. Talvez encarar aquele que me perseguia, porém, a coragem não veio. Melhor seguir para frente, é o que sempre nos dizem e é isso que farei.
   Talvez ele suma. Quem sabe ele desista de me assaltar? De repente, aparece alguém mais rico do que eu ou até mesmo a polícia para abordá-lo? Poderia até me parar, melhor do que ficar sozinho, vulnerável. A rua não entendeu o meu desejo e permaneceu vazia, escura e estranha.
   Apenas eu, o estranho e a rua estranha. Era uma combina perfeita para um fim trágico e assustador. Tento acelerar meus passos discretamente. Não quero que ele descubra que estou me apercebendo de sua presença. A principal tática do bandido é a surpresa. Devo manter a encenação até encontrar uma rota de fuga.
   Estou nervoso. Não posso nem usar o celular, pois ele poderia reagir imediatamente. Não! eu preciso de tempo para desenvolver um plano audaciosos de fuga e salvação. Se alguém lesse meus pensamentos, certamente diria que sou altamente dramático. Talvez eu seja. E daí? Estou nervoso!
   Aqueles passos reverberavam no vazio da noite. Pareciam ser de sapatos sociais. Nunca vi um bandido usar eles antes. Porém, vi num programa de TV que eles estão se comportando como pessoas "normais" a fim de chegar nas vítimas sem chamar a atenção. Seria este o caso? Afinal, ele estaria me seguindo por algum outro motivo?
   Espera! Será que ele é um psicopata? Um tarado louco? Um pervertido ou algo do tipo? Será que é um cara que vende órgãos no mercado negro? Tantas possibilidades e nenhuma certeza de nada. Como viver assim?
   Estou chegando em casa! Finalmente, poderei fugir daquele meliante. Mas, e se ele quiser invadir minha residência? Sequestrar minha família poderia entrar no seu plano de crimes. E agora? O que fazer? 
   A situação fica ainda mais complexas quando vejo minha esposa e minha mãe abrindo o portão e acenando para mim. Não! Não! Não! Quero gritar para eles correrem, mas não tenho nenhuma reação além de um frio no corpo e forte tremedeira.
   Resolvi passar direto e fingir que não conhecia minha família. Elas estranharam, claro. Quando olhei para trás, o cara que me perseguia foi em direção a elas. Não pude ficar parado. Retornei super ansioso com medo do desfecho. Ao me aproximar, vejo eles se abraçando. Como assim? Bem... ele era um sobrinho da minha mãe. Primo meu que eu não via a muito tempo e que fora nosso vizinho....


De Alexandre Valério Ferreira


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