O quarto

O quarto, Van Gogh. Foto: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibjY_gr8SyyqniY8DoRWhACj0PlLBHAj3zOQxYrfZW_rcf1bRgripqIMbC4ytSjxbAsB4aQcYbFEt6CaGIo3WBrK1gxLWXgcL-RcAiYgOg-5ioI7kuRmUP1Xssxote8WkkdRL_UoKDJdI/s400/Quarto+do+Artista+em+Arles+-+Van+Gogh.jpg
  Olhei para o quarto. As cadeiras. A janela fechada. Uma pequena escrivaninha. Algumas molduras, incluindo minha foto de formatura. Tinha um pequeno, mas bonito quadro. A cama era de madeira. A parede continuava azul.
  É estranho quando isso acontece. Aquele momento que olhamos para locais que vemos todos os dias. Só que em vez daquela visualização rápida, rotineira, prestamos atenção nos detalhes, na sua história.
  Daí, vem uma torrente de nostalgia. De repente, parece que o quarto no qual dormir por mais de 15 anos era um ambiente desconhecido por mim. A quanto tempo eu não prestava atenção de verdade nele? Nem faço ideia.
  Era esquisito tudo isso. Era assustador perceber como as coisas mudaram e nós nem percebemos. Como pode? Todo dia eu vinha para cá e não notei? Meu quarto parecia maior... não, não, era eu que havia crescido (ou a minha imaginação que diminuiu...não sei).
  Tudo mudou e eu não vi. Doce ilusão esta minha de acreditar que o tempo não é cruel com nossas lembranças. Quantas histórias passei aqui. Quantas alegrias e tristezas. Mas, agora é hora de ir embora. É o momento de partir. Adeus, quarto. Obrigado pelos sonhos.


Alexandre Valério Ferreira




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