Janela do Avião

Janela de Avião. Foto: autor.
  O que me encantava naquela janela? O que a fazia tão especial? O que a tornava a minha preferida? Alguns a temiam. Desejam até fechar a escotilha e não ver o que havia lá fora. Afinal, "o que o olho não vê, o coração não sente". Mas, eu não! Eu queria olhar. Queria aproveitar aqueles momentos únicos. Queria perceber tudo que havia daquela visão singular.
  Do que eu estaria falando se não de uma janela de um avião? Tudo começa já pela decolagem. Acelerar a mais de 150 km/h. Sentir que estamos flutuando no ar. Ver o chão se afastar; nos dar adeus. Dá um pouquinho de medo as vezes, mas tudo bem. De inicio, vejo a minha cidade. Estaria algum louco dando adeus para o avião? Vejo os carros cada vez menores. Dou adeus a minha cidade. Vamos embora.
  Em pouco tempo, estávamos a cerca de 10.000 metros de altitude. Nunca estive tão longe do meu planeta! Terra que me sustenta, que me suporta e me alimenta. Agora não via mais o mar, as praias de onde moro. Espera! Vejo o mar, mas é diferente. Ele é branco, leve, belo. Só vejo nuvens. Só vejo o céu. O sol está mais próximo de nós aqui.
  Engraçado imaginar que a séculos atrás, ninguém ousaria supor que seria possível um veículo de várias toneladas estar voando nos céus. E cá estamos nós, a cerca de 800 km/ h, a milhares de metros de altitude, sobrevoando a Terra. Mais alguns milhares de quilômetros e estaria no espaço. Estaria no vácuo, vendo a curvatura do planeta, vendo o universo de fora da nossa atmosfera.
  Lá se estava eu nos meus devaneios, minhas loucuras. Loucuras todos nós tem. Ninguém poderia atirar pedra em mim por isso. Afinal, já se disse que de louco, médico, enfermeiro, poeta e professor todos nós temos um pouco. É um fato, não tem como negar. Claro que alguns exageram na dose, para mais ou para menos. É assim mesmo...
  Fico rindo de mim mesmo com minhas ideias. Fico pensando que a cada passo que dou aqui dentro, é como se eu andasse centenas de metros lá na Terra. Como sou veloz? Como somos rápidos? Tenho pena do leitor que lê essas doidices. Espero que não liguem para o manicômio. Mas se ligar, espero que me leve de avião. De preferência, para bem longe.


Alexandre Valério Ferreira



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