Saturno
De Alexandre Valério Ferreira
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Saturno e seus anéis. Era assim que se parecia aquele museu branco, habitando o lado sul do Planalto Central. De curvas simples, mas espetaculares, Oscar Niemeyer nos presenteou com mais uma obra-prima da arquitetura.
Corredores circulam suas laterais. Uma enorme rampa nos faz entrar, não no palácio do Congresso Nacional, mas no Museu Nacional. Um enorme lustre redondo reflete a luz em direção àquela abóbada texturizada. Tudo branco. Apenas aquele tom de cal, contrastando-se com as obras de arte que por algumas semanas ocupariam seu interior.
Existe algo de maravilhoso com a arte. É uma forma de expressar nossa liberdade. Um sentimento maior do que o sentido pelos pássaros, pois é uma escolha fazê-la. Porém, tão necessária para nossa existência quanto comer e beber. Não vivemos apenas para viver.
Andávamos pelo museu, vasculhado seus segredos. Em cada obra, um segredo guardado, o motivo de sua inspiração, a justificativa de seu título, o motivo de sua presença. E assim meus olhos percorriam o interior de Saturno, curtindo seus anéis coloridos.
Curtindo músicas de Gilberto Gil, eu movia estruturas retangulares móveis. O que o autor pretendia transmitir? Entre as esculturas e desenhos, havia uma espécie de "peixe" feito com centenas de capacitores elétricos.
Fotos de casas exóticas cobria um setor inteiro. Todas belas. Muitas delas nem pareciam existir aqui no Brasil. Sempre esperamos pouco do que achar entre nós mesmos. Baixa expectativa? Síndrome de vira-lata? Talvez sim.
Enfim, saio do sétimo planeta e retorno à Terra. Sinto-me como um extraterrestre por alguns instantes. Ao fundo, belas nuvens cobrem Brasília. Nas asas do Plano Piloto circulam carros e ônibus. Daqui a pouco pegarei um deles. Antes, como é de praxe, tomarei um belo caldo de cana com pastel no terminal rodoferroviário. Adeus, Saturno.
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