O Quadro e a Semente
Convento de São Francisco, Olinda. Fonte: Wikipedia.com.br |
De Alexandre Valério Ferreira
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Era o convento de São Francisco. Tenho certeza disso. Pesquisei na Wikipédia. O cenário era exatamente o mesmo. Sim, eu exagerei um pouco. O quadro não era um desenho pintado a óleo e nem uma obra extremamente realista. Mas, era de fato Olinda.
O quadro estava no segundo andar de um apartamento na Costa Barros. Vi de relance. Logo notei que aquela mistura de igrejas coloniais, o verde da mata exuberante e o belo mar ao fundo. Era Olinda! Não poderia deixar de ser.
Alguém, assim como eu, amava aquela cidade. Sorri por alguns instantes. Sei que não era nada incomum se apegar àquela antiga capital de Pernambuco. Nós, cearenses, ainda mais, pois fomos por muito tempo parte daquele estado e por ele influenciado.
De qualquer forma, existe algo de interessante ao encontrar desconhecidos com gostos similares aos nossos. Algo parecido acontece quando vejo alguém lendo o mesmo livro que eu ou alguma obra que gosto bastante. Gostamos de ser únicos, mas sem sermos os únicos a ter essa peculiaridade. Paradoxal, não acha?
O ônibus prossegue no seu rumo. Não esperaria que eu tentasse decorar todos os detalhes daquela pintura. Nem eu o faria. Esses detalhes não me interessavam. As sensações é que ficam. Lembrei de viagens, de momentos, do passado e de planos para os próximos anos. Tudo que germinava em minha cabeça tomava forma graças a um simples quadro na parede de um apartamento de um desconhecido em um dia qualquer. A vida é uma obra de arte.
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