Diário de Guerra de um Formigueiro

Formigueiro. Foto: http://www.flickr.com/photos/vicentebioaves/2908122783/
  Era o período do verão. O clima estava seco e quente. Folhas mortas cobriam o solo. Perto do sítio, havia um enorme formigueiro vermelho, contrastando-se com o cinza das folhas. Eu e meu primo o avistamos de longe. Era enorme, cheio de cavernas e enormes formigas de cor vermelha. A colônia cobria uma área significativa, para nossas dimensões, pois éramos crianças. Vimos, portanto, que uma guerra devia ser iniciada.
  Sim, aquelas formigas eram nossas inimigas. Decidimos iniciar a guerra então. Pareciam haver poucas formigas. Talvez fosse um formigueiro pequeno. Só víamos uma pequena fila indiana levando comida e outra transportando pedrinhas. Então, atacamos. Jogamos enormes pedras e areia. Destruímos alguns túneis e entupimos outros. Atiramos loucamente nelas. A vitória parecia inevitável. Mas, estávamos completamente enganados. Debaixo dos nossos pés, escondidos debaixo da terra, estava um verdadeiro exército pronto para fazer de tudo para salvar sua colônia. Assim, fomos pegos sorrateiramente e tivemos que correr para nos salvarmos. Nosso plano falhou. Voltamos para as trincheiras para nos resguardar. Mas a nossa vingança não tardaria.
  De fato, não seria fácil. Perdemos a batalha, mas não a guerra. Preparamos mantimentos e armas POTENTES: garrafas com água. Acreditávamos que elas não conseguiriam assim nos vencer. Derramamos muita água nos buracos. Tolamente acreditávamos que poderiam se afogar ou desistirem devido a depressão da sua inferioridade em relação a nós, humanos. Além disso, eu trouxe mais um primo para nos apoiar nessa luta. Novamente, nosso plano de guerra estava completamente errado.
  Saíram centenas, milhares, de formigas gigantescas prontas para nos atacar sem dó nem piedade. Para nós, eram bilhões, trilhões delas. De todos os cantos, tamanhos e formas. Novamente, elas tinham uma carta na manga. Mas nós também tínhamos! Jogamos álcool e ateamos fogo em alguns túneis! Acreditávamos que agora a vitória estava garantida. Doce ilusão. Elas saiam de todos os cantos! E pareciam cada vez maiores e mais irritadas! Um dos meus primos foi atingido. Uma formiga-soldado atacou ele. Sua mandíbula fincou na perna dele. Batemos nela. Saio o corpo, mas ficou a cabeça! Caraca! Ai, tivemos que retirar lentamente. Foi um pouco doloroso (para ele).
  Naquele momento, sentimos que a natureza estava no controle. Aquelas criaturas, aparentemente simples, na verdade eram altamente organizadas. Nós as subestimamos. Era hora de aceitar a realidade: a derrota. Respeitamos elas. Elas lutaram bravamente. Batemos em retirada. Fomos para casa, cuidar das feridas. Quanto às formigas, retornaram para reconstruir os túneis e galerias danificadas por nós, moleques!



Alexandre Valério Ferreira




Comentários

  1. Uma belíssima história, vivi uma guerra parecida juntamente com meu irmão devo confessar que também fomos derrotados, kkkkkkkkkk nossa que coisa realmente simples mais incrível, me aproximou do meu eu criança.

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    1. Não somos únicos, afinal! kkk Verdade! A fase da infância gera memória incríveis devido sua simplicidade. Obrigado pelo comentário.

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