O menino que nunca andou de trem
Vendo um trem de carga. Fonte: |
Lá se vinha mais uma composição lotada de cargas. Durante alguns minutos era impossível ir para o outro lado da linha. Para mim não era ruim, pois o que eu queria mesmo era olhar aqueles vagões passando. Eles podiam ser quase todos idênticos, mas meus pensamentos não. Não sei porque, mas eu sempre gostei muito de trens, locomotivas, ferrovias. Eles tem algo especial.
Quando pequeno, meu pai e eu costumávamos visitar o irmão dele, que morava próximo a uma linha de trem. Íamos de bicicleta. O local era humilde, mas para crianças, isso não importa muito.
Parece que a imaginação cobre esses detalhes (talvez por serem supérfluos, irrelevantes...). Nem a ferrugem tirava o brilho daquelas locomotivas. Tudo parece maior, distante e bonito do que os adultos me diziam que realmente era. Porque eles eram tão negativos? Não viam como era impressionante aquele veículo que percorria centenas de quilômetros levando toneladas de coisas?
Eu não via a hora de algum deles aparecer. Mas, claro, mantinha certa distancia, pois corria o risco de ser atropelado ou pior, ser disciplinado pelos meus pais.
Parece que a imaginação cobre esses detalhes (talvez por serem supérfluos, irrelevantes...). Nem a ferrugem tirava o brilho daquelas locomotivas. Tudo parece maior, distante e bonito do que os adultos me diziam que realmente era. Porque eles eram tão negativos? Não viam como era impressionante aquele veículo que percorria centenas de quilômetros levando toneladas de coisas?
Eu não via a hora de algum deles aparecer. Mas, claro, mantinha certa distancia, pois corria o risco de ser atropelado ou pior, ser disciplinado pelos meus pais.
No horizonte do trilho, via-se uma locomotiva! O apito tocava. O chão tremia. Ouvia-se o ranger das rodas de metal sobre o trilho. Era um trem cargueiro. Dezenas de vagões. Alguns traziam madeira, equipamentos ou minérios. Muitos não dava para se saber o que continham.
Como eu não podia ir naqueles vagões, ficava então imaginando como seria viajar em um deles: observar as pessoas de longe, tocar o apitar ao se aproximar de cruzamentos, percorrer cidades, sertões e até mesmo descobrir de onde eles vinham e para onde iam! Dessa forma, se passava uma tarde inteira. Não lembrava nem de lanchar, muito menos de almoçar.
Como eu não podia ir naqueles vagões, ficava então imaginando como seria viajar em um deles: observar as pessoas de longe, tocar o apitar ao se aproximar de cruzamentos, percorrer cidades, sertões e até mesmo descobrir de onde eles vinham e para onde iam! Dessa forma, se passava uma tarde inteira. Não lembrava nem de lanchar, muito menos de almoçar.
De repente, meu pai chamava. Era hora de ir. Ele me colocava na garupa da bicicleta. Papai alertava para eu não deixar aproximar os pés do pneu (já me machuquei assim anteriormente). E, então, íamos de volta para casa. Enquanto isso, meus pensamos estavam longe, talvez em um daqueles vagões cada vez mais distantes. Quando os veria de novo? Na próxima visita, talvez.
Alexandre Valério Ferreira
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