Ou um ou Outro

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Ou um, ou outro. Ou este ou aquele. Para cá ou para lá. Aqui ou acolá. Certo ou errado. Preto ou branco. Amigo ou inimigo. Ou eu ou você. O time A ou o time B. Meu jeito ou o seu. Agora ou nunca. Infinito ou vazio. Tudo ou nada. Ajuda ou atrapalha. Direita ou esquerda.
  Nós gostamos de extremos. Achamos que tem que ser ou de uma maneira ou de outra e que não existe um meio termo. Reduzimos as escolhas a apenas duas opções. E elas tem de ser diametralmente opostas, ou seja, uma sempre é o contrário da outra e não podem coexistir.
   Há situações na vida que, de fato, existem apenas duas opções. Exemplos: ou está grávida ou não está. Não existe mulher "meio-grávida". Para estes casos, aplica-se a lógica booleana: ou a afirmação é verdadeira, ou é falsa. Nos sistemas digitais, utiliza-se o sistema binário, onde existem apenas duas alternativas: ou 0 ou 1.
  Por outro lado, na maioria dos casos que vivenciamos, as coisas são mais complexas. Não podemos viver apenas no "ou preto ou branco". Mas alguém pode questionar: existem as fotos em preto e branco. Isso não mostra que a vida pode ser resumida em dois extremos opostos?
  "Foto em preto e branco" é o termo usual, porém, elas estão na escala de cinza, ou seja, em tons de cinza, que vão do preto ao branco. Além disso, se considerarmos que o espectro de cor entre a soma de todas as cores (o branco) e a ausência completa delas (o preto) permite uma infinidade de combinações de tonalidades, verificamos que existem "mais coisas entre o céu e a terra" do que costumamos pensar. 
    Assim, podemos incorrer em graves erros quando exigimos que as pessoas escolham apenas entre duas opções totalmente contrárias. Se for branco, não pode ser preto. Se for preto, não pode ser branco. Tem que ir para uma ou outra ponta. Sem meio termo. Ou o céu ou a terra.
  Quantos problemas são gerados por conta dessa intolerância? É uma enorme falta de bom senso e equilíbrio agirmos só nos extremos. Seria uma grande tolice se nos limitássemos a apenas duas opções, quando na verdade existem muito mais possibilidades para se escolher.
   Em muitos casos, os extremos são os níveis mais baixo do ser humano. Como exemplificou o filósofo Aristóteles, quem tem medo demais é covarde e isso é um defeito. Por outro lado, aquele que se arrisca demais, afoito, vai para o outro extremo. O corajoso é o meio termo, pois é aquele que sabe lidar com o medo e resistir a ele, mas age com prudência.
   Vale ressaltar que mesmo na programação computacional, procura-se criar os meios termos. As redes neurais tentam simular os neurônios, pois estes analisam as informações de acordo com sua intensidade. Assim, existem programas que permite a existência do "sim", do "não" e do "talvez". Evidentemente, é uma situação mais complexa, porém, corresponde melhor a realidade.
  Viver naquela de que é "amor ou ódio", "ou ajuda, ou atrapalha", não é bom para a maioria dos casos. Se enxergarmos apenas o preto ou o branco, poderemos perder muitos detalhes, ficando cego para a raiz dos problemas ou para os riscos verdadeiros. Assim, viva em equilíbrio.



De Alexandre Valério Ferreira


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