A fábrica

A fábrica. Fonte da foto: Autor.



  No meio do nada, havia uma fábrica. Era enorme, mas não tinha nada de moderno, era tão antiga que as pessoas ainda acreditavam que não eram exploradas. Não conheciam direitos trabalhistas, muito menos os direitos humanos. Não era necessário talvez. Tudo se baseava na "amizade" entre operário e patrão. E, assim a fábrica se sustentava.
  Por ser tão distante, não havia jeito a não ser morar próximo do trabalho. Dessa forma, montou-se uma pequena vila de moradores. Ficava nas imediações da indústria. De fato, a vida dos operários literalmente girava em torno da fábrica. Na semana, os chefes de família trabalhavam e, quando tinham folga, só tinha o pátio da fábrica para jogar futebol.
  E, de dia em dia, a cada tijolo fabricado, a cada telha fabricada, era o suor de trabalhadores sem esperança de progresso, sem esperança de um futuro melhor para si. Mas, porque viviam assim? Não queriam ir embora? Bem, querer, eles queriam...mas, nem sempre fazemos o que queremos. Entretanto, os filhos poderiam sair dali. Parecia que era isso que sustentava aqueles homens cansados, sujos de fuligem, suados. Quanta dedicação!
  Antigamente, o acesso a informação era tão raro no sertão. Só as pessoas ricas tinham como comprar muitos livros e ter mais erudição. Escolas públicas demoraram a se expandir. E, até hoje, costumam apresentar baixo nível de qualidade. Triste, então, era ver aqueles trabalhadores por esperança em algo sem muita esperança. Mas, era assim mesmo, sempre haviam aqueles que se dedicavam mais e conseguiam um futuro melhor para si e a família. E, assim ia passando a vida dos operários da fábrica, no meio do nada, no meio da cidade.


Alexandre Valério Ferreira

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