Quando Entrei na Espiral


De Alexandre Valério Ferreira

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Não é fácil de se explicar. Porém, não é difícil encontrar quem já passou ou ainda passa através desse tortuoso caminho. Queria que ninguém além de mim por lá se refugiasse, porém, a rota mais longa parece ser a mais curta para o fim da angústia.
  Ao lidar com os desafios, com as dores e angústias, podemos reagir de formas diversas. Fugir quase sempre é o caminho procurado. Muitas vezes, o camuflamos com desculpas e racionalizações. No final, é tudo medo.
   Quando entrei na espiral do medo, quase me perdi por lá. Tudo começa com um raciocínio simples, uma semente; ela nos atrai. E vamos sendo levados por ela. Afinal, embasado numa ideia ou crença, vamos construindo outras. Só não sabia onde isso podia levar, o que poderia ser trágico.
   Depois é que vamos percebendo que os pensamentos negativos, que antes nos davam um estranho prazer, passa a exibir suas garras e sua cara. A espiral vai nos sugando para seu interior impiedosamente. É um vórtice, um buraco negro, um ralo no qual, quanto mais próximos ficamos, menos forças temos para dele sair. Pelo menos, é essa a impressão que nós temos.
    O negativismo está em alta. Dele se vão imbricando outras ideias, fortalecidos a cada derrota, a cada fracasso. Mas, no fundo, vai nos trancafiando na mentira que nós mesmos criamos e nos fizemos acreditar. O vórtex não existe além da força com que acreditamos que ele exista. É a tal da realidade psíquica.
   Assim como uma espiral, estes raciocínios levam a um fim, não à continuidade. Mas, queremos é superar o desafio, o problema, e seguir para frente. Na espiral, não se vai para sempre. Vai decaindo até não existir mais para onde ir.
   Doloroso, mas necessário, é escapar do escapismo. Fugir do desejo ilusório da fuga. Rejeitar a vontade da negação da realidade, tão comum, porém, tão difícil de ser enxergada. Ajuda de amigos e familiares talvez seja necessário. 
   Acredite, é possível sair desse vórtex que é você e seus pensamentos. Infelizmente, alguns, pela teimosia ou pelo medo da dor, preferem se entregar ao buraco negro que lhes suga as forças. Nenhum caso, porém, é digno de abandono. Ninguém é digno de esquecimento. Todos merecem ajuda sem julgamentos ou falso moralismo. Bom senso é sempre bem vindo.


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