No Quicar da Ponte
De Alexandre Valério Ferreira
No Lago Paranoá, uma ponte quicava sobre as águas. Três arcos assimétricos zigue-zagueavam os carros, sustentando o chão deles. Era uma espécie de dança. Um vai-e-vem de concreto e aço. Um percurso branco no céu azul.
Assim a Ponte JK se divertia próximo à uma das asas de Brasília. Construída de uma forma que parecem os percursos das pedrinhas que costumávamos jogar no lago, disputando com os amigos sobre quem conseguia fazê-las quicá-las mai longe. Eu sempre ficava em terceiro lugar. Éramos três...
Não é difícil de enxergar a ponte. No planalto central, ela se destaca nas águas que dão umidade à secura das terras altas do País. Enterrado nas profundezas, está o leito do antigo rio Gama, agora coberto pelo lago artificial construído para a cidade projetada.
Não canso de me olhar para essa ponte. Ela é de uma simplicidade tão complexa que me encanta. Acho que é disso que mais gosto de Brasília: as curvas simples que escondem a profundidade de projetos ousados e sofisticados.
Não sou arquiteto, mas a capital federal é um encanto para a engenharia. Não só isso, ela carrega em suas asas uma carga histórica de esperanças e ilusões que o Brasil trás a séculos. No centro do País, Brasília se destaca pelo predomínio do branco, uma cor que representa limpeza, pureza, simplicidade. Mesmo que seus ocupantes não deem o bom exemplo, não deixa de ser um lugar maravilhoso para os bons observadores e estudantes de história.
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