Diário do Tijolo Wilson



De Alexandre Valério Ferreira


  Sou um rebelde. Sou um reformista. Gosto de quebrar paradigmas. Não sou um daqueles tijolos parados, sem valores ou ideologias. Tenho opinião e atitude. Sou mais do que barro, sou palavras e ações. Sou o tijolo Wilson.
  Não aceito que impeçam os alunos de irem para o setor B. Não concordo com essa discriminação. Eles merecem. Todos tem direitos. Em apoio a tão nobre causa, sou um mantenedor do acesso aos laboratórios.
  Sou firme. Seguro o portão. Impeço que ele se feche e se tranque. Pobres alunos, já lutam para vir para cá e ainda precisam enfrentar a burocracia. Em seu apoio, ajo como um rebelde, um manifestante, um ativista pelas causas nobres. Desistência não está em meu barro.
  Não sou um tijolo qualquer. Eu nasci no calor e no barro. Sou de Sítios Novos. Sou do interior, mas sou da cidade também. Sou do sertão e da praia. Já superei de tudo. Não fui rejeitado. Pelo contrário, fui o escolhido.
  Não sou indiferente. Tenho opinião. Tenho expressão. Meus olhos vigiam a burocracia. Estou atento a este portão aristocrático, preconceituoso e agressivo que insiste em sua atitude desrespeitosa, justificada por causas infundadas.
  Alguns dizem que sou louco. Talvez o seja. Quem sabe todos são? Não dá para saber. O que sei é que comigo aqui este portão não fechará as oportunidades dos jovens. Sou um guerreiro. Sou um mantenedor das causas nobres. Sou o tijolo Wilson.





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