Um Momento no Mirante
De Alexandre Valério Ferreira
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Subir foi cansativo, mas recompensador. Apesar da ladeira inclinada, reuni forças para chegar até o ponto máximo. Próximo da praia do Cumbuco existe um santuário religioso. De lá, era possível enxergar uns 30 quilômetros ou mais.
Fiquei sentado entre algumas rochas. O vento forte e úmido do litoral refrescava meus pensamentos. Olhando para o leste, conseguia ver os prédios da grande Fortaleza. A capital do Ceará. Parece até que tudo se resumiam àquelas enormes construções.
Ver o conjunto é algo interessante. A visão macroscópica nos permite compreender a dinâmica da cidade. Fico pensando sobre aquela cidade. Tão calma e silenciosa daqui. Parece ser onipotente. Serena. Equilibrada. Unida. Não vemos as linhas que a delimitam. Linhas estas invisíveis, mas claramente observadas pela condição social, pela fachada da casa e pelos carros. São na verdade, muitas cidades que habitam naquela cidade.
Mais de dois milhões de pessoas naquela mancha urbanizada viviam amontoadas, convivendo numa unidade chamada Fortaleza. Daqui, a pouco mais de uns 25 quilômetros, não era mais do que uma estreita faixa acima do solo. O mar podia engoli-la num piscar de olhos, vendo daqui. Ela pode ser enorme, mas não é nada. Somos apenas um pálido ponto azul na imensidão do universo, disse Carl Sagan. Os prédios, o luxo, os carros, as fachadas, as antenas de TV, tudo isso não é nada aqui.
A brisa continuava. Mas, o calor aumentava. Era hora de partir. Precisava seguir com a vida. Afinal, não podemos ficar apenas refletindo, precisamos agir. Não há como separar uma coisa da outra. Se não agimos com o que aprendemos, é porque não aprendemos de verdade.
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