Diário do canteiro central
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Fortaleza, um dia de um mês de um ano qualquer.
Querido diário,
Sou uma árvore humilde. Sei que sou a mais bela deste canteiro central. Minha avenida é muito importante. É um dos principais eixos da cidade. Já foi motivo de orgulho para mim, porém o meu gosto mudou.
Eles não me dão valor. Não estou exagerando! Eles simplesmente não me respeitam. Eu respeito eles. Forneço oxigênio e sombra para os que ficam esperando o sinal ficar verde. Sou abrigo para muitos pássaros e mendigos.
E o que recebo em troca? Simplesmente nada! É revoltante. Estou indignada. E tem justificativa: reformaram o canteiro e concretaram tudo. Será que eles não se apercebem da tolice que fizeram?!
Como vai ser quando começar a chover bastante? Alagamentos, é claro. E o solo? Ficará ainda seco. Por quê? Porque os benditos asfaltos e concretos são impermeáveis. A água se acumula, formando poças. Boa parte vai para o ralo, para o esgoto, diluindo a poluição até o mar. Sem contar que vou acabar sendo esganada!
Se pensam que vou aceitar isso, digo logo que não! Vou mostrar minha revolta. Vou crescer galhos para o lado dos carros, a fim de derrubar os motoqueiros chatos e os ônibus apressados. Vou crescer as raízes acima da calçada e quebrar tudo. Vou entortar os encanamentos subterrâneos. Vou deixar alguns galhos se enfraquecerem e caírem em cima de alguns carros quando chover. Vou bloquear a visão do semáforo. Vou me enroscar nos fios elétricos.
Eles vão ter que notar! Sou muito importante. Sem a gente, os humanos não teriam sombra e comida. Quanta ingratidão. Deixo o ambiente agradável e bonito, mas eles deixam tudo mais feio. Não vou aceitar! Eles terão que me notar.
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NOTICIÁRIO DAS 8:
"Árvores são arrancadas do canteiro central de uma avenida importante, a pedido da prefeitura. O argumento era que, sem a sombra deles, os mendigos não ficarão embaixo delas e nem terão mais que gastar dinheiro com podas regulares."
Fortaleza, um dia de um mês de um ano qualquer.
Querido diário,
Sou uma árvore humilde. Sei que sou a mais bela deste canteiro central. Minha avenida é muito importante. É um dos principais eixos da cidade. Já foi motivo de orgulho para mim, porém o meu gosto mudou.
Eles não me dão valor. Não estou exagerando! Eles simplesmente não me respeitam. Eu respeito eles. Forneço oxigênio e sombra para os que ficam esperando o sinal ficar verde. Sou abrigo para muitos pássaros e mendigos.
E o que recebo em troca? Simplesmente nada! É revoltante. Estou indignada. E tem justificativa: reformaram o canteiro e concretaram tudo. Será que eles não se apercebem da tolice que fizeram?!
Como vai ser quando começar a chover bastante? Alagamentos, é claro. E o solo? Ficará ainda seco. Por quê? Porque os benditos asfaltos e concretos são impermeáveis. A água se acumula, formando poças. Boa parte vai para o ralo, para o esgoto, diluindo a poluição até o mar. Sem contar que vou acabar sendo esganada!
Se pensam que vou aceitar isso, digo logo que não! Vou mostrar minha revolta. Vou crescer galhos para o lado dos carros, a fim de derrubar os motoqueiros chatos e os ônibus apressados. Vou crescer as raízes acima da calçada e quebrar tudo. Vou entortar os encanamentos subterrâneos. Vou deixar alguns galhos se enfraquecerem e caírem em cima de alguns carros quando chover. Vou bloquear a visão do semáforo. Vou me enroscar nos fios elétricos.
Eles vão ter que notar! Sou muito importante. Sem a gente, os humanos não teriam sombra e comida. Quanta ingratidão. Deixo o ambiente agradável e bonito, mas eles deixam tudo mais feio. Não vou aceitar! Eles terão que me notar.
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NOTICIÁRIO DAS 8:
"Árvores são arrancadas do canteiro central de uma avenida importante, a pedido da prefeitura. O argumento era que, sem a sombra deles, os mendigos não ficarão embaixo delas e nem terão mais que gastar dinheiro com podas regulares."
Alexandre Valério Ferreira
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