A cortina


  De manhã, silêncio. O sol batia na janela às 6 em ponto. Mas, desde as 4:30, já começava a clarear o dia. No quarto, havia uma janela. Ela era de ferro e vidro. Era simples, porém bonita. Ela gostava. Na verdade, ela não tinha muitas preferências. Não era muito exigente. Procurava ver a beleza de cada objeto. Talvez isso seja um defeito para alguns, mas não para ela.
  A cortina suavizava a entrada sem cumprimentos da luz do sol. Esta, aos poucos iluminava a cidade e as mentes, que atordoadas iam tomar seu café da manhã. Para alguns, a cortina tinha o poder de adiar um pouco mais o amanhecer. Deixava o quarto ainda escuro, perfeito para o sono (teimoso, que só nos dá maior vontade de dormir logo nos momentos finais da noite). 
  Não tinha jeito. Era hora de se levantar. A noite foi de muito frio. Uma brisa gélida a fez trancar as janelas e puxar as cortinas. O frio é ruim, se você está na rua. Porém, é perfeito para um bom cochilo. 
  Ela gostava do frio. Era bom sentir frio. Melhor do que sentir frio era poder se cobrir e tomar um delicioso chocolate quente. Mas, agora já era tarde. Abriu as cortinas e foi trabalhar.


Alexandre Valério Ferreira



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