Palhaço


  Ele chega e anima toda a criançada. Antes desanimados, os espectadores começam a dar gargalhadas ao ver o palhaço e suas palhaçadas. Esse é seu trabalho: fazer as pessoas sorrirem. Para isso, usam diversas técnicas, incluindo uma boa fantasia e uma excelente maquiagem. Assim, ele se torna um personagem que é conhecido por todas as pessoas.
  Havia um palhaço que trabalhava em um circo em uma cidade de um país que, por sinal, fica na Terra. Ele pintava um largo e estonteante sorriso no rosto. Estava sempre bem fantasiado. Difícil era reconhecer ele sem sua maquiagem. De fato, era impossível reconhecê-lo em todos os aspectos. Como assim? Ele era diferente tanto por dentro como por fora.
  Era um tremendo constaste. Se você não soubesse que ele trabalhava como palhaço, jamais passaria sobre sua cabeça essa ideia absurda. Ele era sério ou carrancudo. Não dava um sorriso, não alegrava ninguém. Isso era incrível. Porque ele agia assim? Porque era tão diferente, sendo a mesma pessoa? Quais dos dois era o personagem e o ser real? 
  Ele tinha uma vida monótona. Parece que seu casamento não deu certo. Parece que mal via o filho. Parece que vivia financeiramente bem. O que se passava em sua mente não sei, mas sei que era uma tortura para ele ser palhaço. Ele fazia todos sorrirem, menos ele mesmo. E quanto mais triste ficava, mais engraçado era. Isso me lembra uma frase que diz: "Tragédia e comédia andam lado a lado".
  Ele era a prova viva disso. Eu admito que sentia pena dele. Não só isso, fiquei preocupado. Até quando ia aguentar essa vida? Até quando viveria desse jeito? Cometeria alguma loucura? Como aguentava saber que querendo ou não, o palhaço era só uma casca? Sabia que seu sorriso era pintado. Quem dera fosse real. Quem dera...
  Um dia o palhaço veio sério. Não sorriu. Não trabalhou. O que aconteceu? Parece que ele estava bem. Parece que sua vida estava tomando rumo. Mas, parece que quando ficou bem, desaprendeu a ser comediante. Não sabia mais fazer palhaçada. Aliás, sabia, mas não dentro do picadeiro do circo, mas sim na roda de amigos. É, agora ele tem amigos. E ajeitou os problemas com a família. No caso dele, a tragédia se separou e a comédia acabou. Que bom, para ele.


Alexandre Valério Ferreira



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