Diário da máquina de escrever

Máquina de escrever. Foto: Autor
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  Eu não entendo. Na verdade, nunca entendi porque me abandonaram. Eu sempre fui ágil e eficiente. Minhas teclas eram boas e bem lubrificadas. e as impressões ficavam bem definidas no papel. Não tinham do que reclamar de mim.
  Eu sou tipo de pessoa que não aceito erros. E não gosto mesmo de quem erra. Afinal, tem que se sair tudo perfeito. Se o datilógrafo fazia algo errado, nem que fosse uma letra, era necessário começar tudo de novo.
  Eu odiava quem utilizava algum tipo de corretivo para cobrir erros de digitação. Eu não aceitava! Quem fazia isso, deixava o texto feio de se ver. Era meu castigo para os preguiçosos e incapazes. Para mim as coisas são desse jeito, doa a quem doer.
  Realmente, não faz sentido isso. Eles me substituíram pelo computador. Aquele traíra  Merecia ser aniquilado. Só estragou minha vida. Eu fazia um excelente trabalho. ninguém reclamava. Eu, pelo menos, nunca reclamei. Só critico os incapazes, que não sabem fazer as coisas da forma mais eficiente possível. 
  O mundo está perdido... Os computadores aceitam tudo que é erro. Alias, eles corrigem automaticamente alguns. Até o autor deste artigo cometeu alguns erros e o bendito navegador está alertando...
  As pessoas, do meu ponto de vista, estão se tornando incapacitadas. Eu reprovaria todas! Não aceito erros! Não aceito ineficiência. Digo isso, doa a quem doer.


Fortaleza, 30 de novembro de 2012.
Máquina de Escrever.

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Alexandre Valério Ferreira



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