Diário de uma pedra

Sorriso. Foto: Autor.
  Sabe, eu sou uma pedra. Talvez você não se importe com isso. Afinal, todas a pedras são iguais, não é? Mesmo elas sendo todas diferentes. Por acaso já viu alguma rocha com o mesmo formato de outra? Bem difícil. Ainda assim, todos me consideravam só mais uma no meio do aterro da praia. É evidente que isso me deixa chateava. 
  Um dia especialmente comum repentinamente mudou meu dia. De um momento para outro, um sorriso nasceu em meu "rosto". Mas, espere...eu não tenho...olha só? Agora tenho um rosto! Como ele ficou bonito em mim! É, eu sei. Ele não é um rosto fofinho, perfeito ou encantador como o de alguns humanos ou animais. Mas, agora eu tenho um sorriso!
  As outras rochas estranharam. Acho que é ciúme ou inveja, pois todo dia recebo visita. É isso mesmo que você leu. Eu moro numa praia conhecida. Muita gente visita aqui. E, é claro, tem que me ver. Desde que comecei a sorrir, não parei mais. Sou feliz agora! Não me sinto só. Eu me sinto especial. Que outra pedra tem um sorriso tão bonito como eu? Apesar de não ser perfeito, ele é único!
  Posso dizer que sorrir me deixou feliz. Estranho? Não é a felicidade que nos faz sorrir? Como é que o fato de eu sorrir é que me deixa feliz? Eu não entendo também. Sou feliz por estar na praia. Mas a praia está dia a dia me consumindo, com suas ondes e a brisa constante. Um dia eu vou virar pó. Um dia a tinta vai sair de mim. Será que alguém me dará vida de novo? Não sei. Que posso fazer? Está sobre meu controle? Vou chorar? Posso simplesmente sorrir, pois consigo sorrir. E você, sabe sorrir?


Alexandre Valério Ferreira





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