De repente um prédio


  De repente, havia um prédio. Um não, dois. Opa! Já eram três, quadro, cinco... O que estava acontecendo? Onde estava aquela velha casa com arquitetura clássica? E o campinho de futebol? Onde vamos jogar agora? Não tenho dinheiro para pagar o aluguel de uma quadra esportiva todo fim de semana. Não estou entendendo nada. Isso é confuso.
  De fato, parece que de repente em Fortaleza encheu-se de construções. Um verdadeiro "boom" imobiliário. Onde estão as antigas construções? Onde está a imagem da cidade? Não se sabe mais. Mesmo no Centro da cidade, a parte mais antiga da cidade, muitas dessas construções tem perdido seu lugar para novos prédios. Pior que isso! Alguns destroem vários prédios antigos para fazer estacionamentos. Daqui a pouco, haverá mais estacionamento do que loja!
  Locais públicos para diversão e lazer estão ficando escassos. Os condomínios possuem suas piscinas, salões de festas e até pequenas pracinhas exclusivas para quem neles habitam. E os locais abertos? E os locais públicos? As praças são poucas. Algumas, mal preservadas. Até lagoas e rios são fechados e cercados. Já foi na Lagoa da Banana, em Caucaia? Existem poucos locais onde é possível acessar a lagoa. Ao redor, está totalmente cercado de casas luxuosas e clubes. Até parece que foram eles que construíram a lagoa.
  Assim, de repente árvores, áreas verdes, campinhos de futebol e casarões antigos vão sendo demolidos para serem ocupados por construções privadas, entupindo de gente nas cidades. Até mesmo a ventilação e a umidade são afetas, pois os prédios (na maioria das vezes, sem boa aerodinâmica, apenas construções quadradas) bloqueiam a ventilação e com o desmatamento urbano (sim, isso existe!), menos sombra e mais calor. A sorte das cidades litorâneas é justamente o fato de estarem localizadas próximo do mar. Assim, ainda vem um brisa agradável e maior umidade. Mas, não é mais como antigamente.
  Então, devido a ganância e o desrespeito, a cidade vai se descaracterizando, vai se homogeneizando, se tornando igual a qualquer outro lugar. Perde-se então a identidade, as suas peculiaridades. Nem todos se importam para isso, mas não deixam de ser afetados por isso. Muitos centros urbanos sofre com trânsito lento, poluição de todos os tipos, calor e devido a animais nocivos em escala crescente. E tudo devido ao que alguns ousam de chamar de "progresso" e "urbanização".


Alexandre Valério Ferreira



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