O Azul
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TUDO azul. Monocromático. Sem gradientes. Sem desenhos de nuvens. Hoje o céu estava pouco criativo, pensei. Não inventara nenhum tom diferente. Era um daqueles fenômenos chatos nos quais chamamos de rotina.
Não gosto muito desse tipo de céu. Você olha, olha, olha, e nada mudou. Sem nuvens, não dá para saber se o vento está soprando lá em cima. Também não formam-se cores belíssimas com o pôr-do-sol. No máximo, um gradiente em tons um pouco amarelados.
Talvez seja por isso que no inglês, 'tudo azul' é um termo utilizado para se referir a momentos tristes. De fato, para nós, que amamos dias frios, de chuva, ou que simplesmente somos apaixonados pelas nuvens, consideramos o céu monocromático como algo sem graça.
Porém, eu terei de fazer uma ressalva. O céu "limpo" (como alguns dizem) é perfeito para apreciar o que sobre ele atravessa. Seja um avião, um bando de pássaros, paraquedistas ou uma apresentação da esquadrilha da fumaça. As nuvens não combinam com esses eventos. Infelizmente, elas não entendem isso.
Um céu monocromático é sinal de dia quente. Não teremos um instante de sossego. Nenhuma nuvem proverá sombra por nenhum instante. Sem descanso, o sol queimará nossas cabeças e aquecerá o solo. Não gosto de dias quentes.
Só existe um momento que é bom ter dias ensolarados e sem nuvens: quando vamos à praia. Afinal, só tem graça com o sol firme, bronzeando a pele e iluminando as partidas de futebol na areia. Sem contar que dá um gosto a mais, tomar um sorvete ou água de coco.
Mas, a natureza não funciona da forma que nós queremos. Nem mesmo a gente. Então, que nos resta é saber lidar com os imprevistos. Usar chapéu em dias azuis e guardas-chuvas em dias cinzas. Um bom livro para ler também serve.
De Alexandre Valério Ferreira
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