Teias e Ferrugens


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A vida é uma teia. Não é simples, pelo contrário, é bastante complexas. Existe um intrincado conjunto de fios, dispostos nos mais diversos sentidos. Histórias, experiências, vínculos sociais, medos, alegrias, tramas que se entrelaçam e se rompem no ventar dos tempos.
   Nossas teias são confusas. Tem fios que nunca se rompem, como nossos pais. Enquanto outros, mal resistem a uma ventania. Os nós são constantemente atados e desatados. Os vínculos vão se criando e se enfraquecendo. É um eterno fiar e desfiar.
   O tempo enferruja tudo. É preciso cuidado e atenção para manter as teias. Manutenção regular. Senão, de repente, as tramas se desfazem e perdemos o equilíbrio. Nem sempre é fácil se reconstruir. Alguns nunca o conseguem e se perdem no caos.
   Talvez seja difícil viver nessa teia da vida. Podemos desejar que tudo fosse mais simples, mais prático, talvez. Mas, quem disse para a gente que é ruim ser como é? Esse caos, cheio de ligações e rompimentos, estar sempre a criar o novo, o inusitado, o exótico, o singular. Somos únicos porque no desordenar da vida, as coisas nunca mais se repetirão de forma tal que se gere alguém idêntico a cada um de nós. Cada ser humano é um ser em extinção. 
   Os rompimentos são dolorosos. As aranhas se esforçam tanto para construir as teias e, ao cair de uma folha ou no passar de algum animal, tudo se parte e é necessário reiniciar tudo do zero. Em alguns casos, precisa-se construir novos caminhos.
  Sinto falta de algumas amizades. Elas são teias de vínculos que se romperam ou estão fragilizadas. Algumas podem ser reconstruídas. Já outras, já estão de tal forma rompidas, que não há caminho de volta. Nesses momentos, é preciso aceitar as coisas tais como elas são. Mas, não com passividade, desmotivado ou desesperançoso, e sim com naturalidade e reconhecimento, compreensão, do que aconteceu.
   A vida é uma teia. Por isso, é de tal forma incrível que dificilmente alguém em sã consciência e saúde desejaria perdê-la. Preservá-la é complexo. Nem sempre depende de nós. Porém, que nunca desistamos de tecer essa trama, acreditando que sempre novos vínculos para caminhos melhores poderão aparecer.


De Alexandre Valério Ferreira





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