A diversão do parque
De Alexandre Valério Ferreira
As férias chegaram. E, com ela, os parque de diversões na cidade. Eles não eram enormes. As rodas não eram gigantes. As luzes eram fracas. Os vagões da montanha russa choravam em um ranger assustador. Tudo tinha textura cor ferrugem.
De qualquer forma, era o nosso parque de diversões. Era o que a gente tinha. Pelo menos eles vinham nos ver, ao contrário de todo o resto do mundo. Quem desejaria vir aqui? Aqui é onde Judas perdeu as botas. Aqui é onde o vento faz a curva.
Gosto daqui. Gosto do parque. A emoção se torna maior. Não tememos a altura da montanha russa. O que temos realmente medo é de ela se quebrar e nos levar juntos. Meu coração palpita loucamente. As mãos ficam geladas. Tudo isso faz parte da diversão. Não para!
Gosto daqui. Gosto do parque. As maçãs do amor enganavam meu coração. O algodão doce era uma ilusão para o estômago. Mas, ilusões são deliciosas enquanto duram. Decidi viver nelas por enquanto. A vida é sofrida por aqui, mas temos o parque.
Gosto daqui. Gosto do parque. Gosto dos meus amigos. Gosto muito do carrinho bate-bate. Amo a roda gigante. Dá para ver minha casa de lá. Talvez isso seja impressionante na cidade, mas minha casa fica do outro lado da rua. Eu a veria de qualquer formas. Mas, gosto de falar isso para os que não conhecem minha terra.
Onde eu moro, cantam os sabiás. Os pardais nos acordam com seu frenético conflito por comida. As praias daqui são mais belas. As palmeiras tem mais vida. Os parques, mais ferrugem. Os sorrisos, mais sinceridade.
As férias são o parque. O parque são as férias. Tudo gira naquela roda não gigante. Seguimos os trilhos daquela montanha comunista. Corremos para a fila dos carros acidentais. A gente se alegra com tudo. A gente gosta do medo.
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