Brincadeiras na rua

Cândido Portinari. http://www.nopatio.com.br/uploads/2012/01/IMG_415.jpg
   A sirene tocou. Pés corriam pelas ruas. Pareciam em busca dos caminhos mais perigosos. Subiam em muros. Pisavam em poças d'água. Chutavam latinhas. Ora voavam ora tocavam o chão. Eram velozes. Eram frágeis.
   As férias foram anunciadas. E com elas a esperança de mais uma temporada de diversão. Muitos planos. Bilas (bolinhas de gude). Bolas de futebol. Travinhas. Piões. Arraias (pipas). O asfalto parecia mais animado. Estava feliz e animado.
   Os portões das casas de família pareciam estar em crise. Não paravam quietos. Estavam sempre a abrir e fechar. Vozes diversas controlavam (ou não) as aberturas para a rua.
O sol era causticante e o asfalto queimavam os incautos. Mas, o vento estava do lado dos pés. Pés estes que ora pulavam sobre cordas ora pulavam sobre as calçadas. Tentavam acompanhar sombras de losangos que se projetavam no piso preto. 
   Mas, o inesperado já esperado acontecera: os pés cansaram. Alguns se arrebentaram. Estavam queimados, arranhados e até mesmo rasgados. Pareciam ser falsos em comparação com os sorrisos e brincadeiras que habitavam acima deles. Era o fim das férias. Já estava na hora.


Alexandre Valério Ferreira



Comentários

  1. O bom é quando é só com isso que temos de nos preocupar...bom aproveitar as férias assim!:-D

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    1. Exatamente! Aqueles tempos eram muito bons nesse aspecto. Sem muitas preocupações e situações para nos estressar.

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