Janela do terceiro vagão

Vagão. Foto: autor.

   Um dos meios de locomoção que eu acho mais interessante são as locomotivas. É muito bom andar de trem. Uma das razões, é sua dimensão. Costumam ser bem longos e espaçosos por dentro. Alguns, até um pouco luxuosos são. Além disso, aquele movimento contínuo, atravessando lugares que geralmente não vemos andando de carro ou ônibus, são outros fatores gratificantes.
   Infelizmente, onde moramos existem poucas linhas de trem. Durante muito tempo, o sistema ferroviário foi abandonado. Antes, poderíamos ir de Fortaleza a Sobral em uma linha de passageiros. Atualmente, existem apenas linhas para transporte de carga. E as locomotivas existentes para o público em geral, costumam ir para algumas poucas cidades da região metropolitana de Fortaleza.
    Isso é ruim. Sempre gostei de andar de trem. Apesar de que eu só tenha viajado em um deles poucas vezes na vida. Existem países, entretanto, que possuem diversas linhas. É possível viajar toda a Europa de trem e com custo reduzido. Vale muito a pena. E, para os mochileiros, um sonho é viajar pela ferrovia transiberiana, que vai de Moscou, na Europa Oriental, até Vladivostok, no Oceano Pacífico. Envolvem cerca de 9.289 quilômetros. Existem duas linhas ainda maiores: Moscou - Pyongyang (10.267 km) e Donetsk -Vladivostok (9.903 km).
   As longas viagens de trem costumam ter poucas paradas, ao contrário das linhas urbanas. Assim, temos muito tempo para pensar na vida . De fato, esse é um dos melhores lugares para se refletir. E, como é um meio de transporte que utilizamos rotineiramente, podemos fazer isso regularmente. Além do mais, costumo achar ficar olhando para o horizonte do que para as pessoas. 
   Quando nossa vista cruza a de um desconhecido, parece que ambos sofrem uma crise de timidez. Talvez, faça sentido, pois o olhar pode revelar muita coisa e pode transmitir muitas mensagens, algumas até que são mal-entendidos (como aquele olhar que da a impressão que a pessoa gostou de você, ou o oposto, que está com um olhar negativo em sua direção).
   Bem, naquele dia eu estava cansado. O dia não foi agradável no trabalho. O retorno de trem foi tranquilo. Poucas paradas. Nenhum sinal que o atrapalhe (a não ser que um carro fique no meio da linha de ferro). E lá íamos naquele comboio de massas de gente ( a maioria desconhecidos), atravessando aquelas vigas de aço e balançando rumo a nossas vidas. Até logo.



Alexandre Valério Ferreira





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