A luz amarela

A luz amarela. Foto: autor.
  Estávamos voltando tarde da noite. A cidade dormia. Não víamos "um pé de gente". Carros eram poucos, o que era bom, pois não havia trânsito. Silêncio era absoluto. Principalmente, nesta avenida, que cruzava uma região do distrito ainda pouco habitada. O céu estava nublado, sem lua ou estrelas visíveis. A única fonte de luz eram os postes de iluminação.
  As lâmpadas de vapor de mercúrio proporcionavam aquela cor amarelada. Clareava bem, de fato, mas era difícil identificar as tonalidades de cores. De fato, com aquelas luminárias, tudo ficava naquele tom de laranja. Até mesmo as nuvens tinham uma cor amarelada. A cidade, ao longo do vale, era toda desta cor. Só víamos aquelas luzes de mesma tonalidade cintilando ao longo da noite.
  A cidade brilhava de noite. Do espaço, é possível observar que realmente deixamos uma marca luminosa no universo, mesmo que de forma breve e ínfima  em comparação com as estrelas. Mas, de certa forma, iluminamos o espaço. Claro, isso é inútil. Na verdade, isso representa energia desperdiçada. Afinal, para que desejaríamos iluminar as nuvens e o espaço?
  Mas, existe algo da iluminação publica que me incomoda bastante: a impossibilidade de visualizar as estrelas.   Já tentou observá-las na cidade? Notou que é possível contar quantos estão visíveis? Agora, vá para o interior, para o campo, e notará a diferença. O céu estrelado é um espetáculo único. Sentimos o quão ínfimos somos diante da imensidão do universo. Esse sentimento de humildade é justamente o que vem faltando em muitos de nós. Vamos trocar essas lâmpadas, então...



Alexandre Valério Ferreira



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