A pérola do cacto


  Nada mais improvável do que achar uma pérola em um cacto. Afinal, pérolas só aparecem em ostras. E veio aparecer logo em um cacto, uma palma? Não fazia sentido algum. Claro, não era verdade. Alguém deve ter colocado uma daquelas bolinhas similares a pérolas utilizadas em colares de brinquedo. Isto é, era de plástico.
  Então, comecei a pensar sobre esse evento engraçado. O colar de pérolas é uma joia muito valorizada. É o sonho de muitas mulheres e não é para menos, pois apresenta um cintilante tom branco. Por ser considerada rara, é bastante cara também. Elas são provenientes das ostras. Nem todas as pérolas são redondas. Evidentemente, para um colar de pérolas ser bastante valioso, são selecionadas as melhores pérolas, isto é, as mais redondas.
  É engraçado imaginar que um bem tão valioso é originado de elementos que são considerados "lixo". Isso mesmo que eu disse: LIXO. As ostras que produzem pérolas. Esse processo começa quando algum corpo estranho, como um grão de areia ou um verme, penetra no animal e fica entre a concha e o manto de algumas espécies deste molusco. Em reação de defesa, a ostra libera uma substância chamada nácar ou madrepérola, que engloba o corpo invasor. Com o tempo, vai se formando a pérola propriamente dita.
  Assim, do "lixo" ou corpo estranho, é formado uma joia preciosa. Era bom se aprendêssemos a utilizar melhor certas coisas consideradas "inúteis" para obter bons resultados. Alguns tem investido no reuso do lixo. Aliás, este termo, LIXO, é pejorativo. Tanto é que especialistas preferem denominar de RESÍDUOS, pois boa parte do que jogamos fora poderia ser reutilizada ou reaproveitada de alguma forma.
  Em nossas vidas, também enfrentamos situações que nos causam dor e dificuldades. São sentimentos "estranhos" que nos machucam e que é difícil esquecer. É fácil ficar remoendo o passado, guardando rancores e mágoas. Não devemos esquecer o passado, claro. Mas não devemos revivê-lo, mas sim aprender com ele. 
  Tirar lições dos erros cometidos no passado é uma das melhores maneiras de evitar cometer o mesmo erro no futuro. Bom é então, obtermos "joias" de sabedoria com as dificuldades, utilizando-as para nosso proveito ou de amigos que nos escutam. Assim, podemos agir como as ostras, transformando "lixo" em joia!


Alexandre Valério Ferreira



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