Pausa, Por Favor

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'A vida precisa de pausas'. Foi o que a psicóloga me disse. 'E você também.' O problema seria aplicar o dito conselho. Na sociedade atual, tudo ao nosso redor procura nos acelerar. Tentamos fazer várias atividades ao mesmo tempo, na ilusão de que, se não as fizermos rapidamente, perderemos oportunidades incríveis.
   A ideia de pausa soou um pouco estranha para mim. Não é verdade que quanto mais, melhor é? Parar é perder tempo. Não é? Talvez este seja o problema: a falsa crença da vida acelerada. Fomos treinados a estar nesse estado de alerta e em atividade todo o momento. A internet e, principalmente, os Smartphone foram os grandes catalisadores desse processo, que parece ser sem volta.
   Afinal, quem disse que devemos estar em constante atividade? Por que precisamos ficar sempre online? O que acontece se ficarmos a maior parte do tempo fora das redes sociais? Será que devemos estar pensando constantemente no trabalho? Quem nos disse que devemos ficar ligados ininterruptamente? Tempo é dinheiro, mas dinheiro nunca é mais tempo, já pensou nisso?
   As pausas são necessárias. Para ser mais exato, são vitais a nossa sobrevivência como ser. Nossas mentes reclamam momentos de repouso. Nas pausas, as informações que o cérebro recebeu são sedimentadas, cristalizadas e armazenadas. Sem os intervalos, nossa mente seria como uma biblioteca que recebe livros todo instante e não proporciona um minuto sequer para os funcionários organizarem os materiais. Depois de algum tempo, a bagunça é tamanha a ponto de impossibilitar qualquer atividade realmente produtiva. Encontrar um livro nessa biblioteca seria como caçar agulha no palheiro.
   De forma similar, nossas relações sociais também requerem pausas. São como os músculos. Ao fazermos atividades físicas, eles crescem, não repentinamente, mas com o passar do tempo. As amizades também se fortalecem gradualmente e com a regularidade. Se alguém decide gastar 8 horas na academia no primeiro dia, provavelmente ficará extremamente cansado e poderá se contundir. Ou seja, em vez de produzir mais, ficará impossibilidade de fazer qualquer coisa durante dias.
   É necessário, portanto, ventilação. Amizades sufocantes são uma tortura. Elas não resistem ao tempo. Infelizmente, alguns não compreendem isso e exigem atenção dos amigos ininterruptamente. Não os deixam respirar, por assim dizer. Ao agirem assim, eles os afastam, ao invés de aproximá-los.
  Dar um tempo não é algo necessariamente ruim. Talvez, estando com a cabeça fria, mais relaxada, consigamos pensar melhor e encontrar caminhos mais saudáveis para nossas relações e desafios. Portanto, sente-se de vez em quando. Dê tempo ao tempo. Relaxe um pouco. Fique um pouco sozinho. 
   Lembre-se que, nas corridas de veículos, se o piloto não parar no pitstop ao menos uma vez, poderá parar no meio do caminho por falta de gasolina. Portanto, mais não é mais. Mais, às vezes, é menos. Reduzir pode nos levar mais longe do que acelerar constantemente. Reconheça os seus limites e o dos outros também. Dê uma pausa de vez em quando. Respire calmamente.



De Alexandre Valério Ferreira



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