Final da Linha

Foto: http://doublemesh.com/wp-content/uploads/2013/05/Bus-Stop.jpg
De Alexandre Valério Ferreira

  Pouco a pouco, o ônibus ia se esvaziando. A cada parada, um rosto cansado se dirigia para sua respectiva casa. O que faria quando chegasse lá? Será que alguém receberia com alegria? Iria ver TV ou será que dormiria de imediato?
  Mais uma parada, rostos famintos de sono correram atrasados para a porta de saída. Eram homens, mulheres, adolescentes. Todos cansados, moribundos a essa altura do campeonato.
  Não tem que resista em uma sexta a noite depois do trabalho. O corpo chora por um bom descanso. O banho é a esperança do trabalhador. Ele milagrosamente limpa o cansaço e refresca com sono o corpo de que teve um dia árduo.
  Eu não entendia bem isso tudo. Não viva com dias árduos. Meus dias eram monótonos e de pouca atividade braçal. Não que eu fosse um intelectual, um NERD, ou algo do tipo. Longe disso, eu era só mais um na multidão.
   Mas, estava feliz como eu era. Estava feliz em ser um mero observador passivo, atento aos olhares e sorrisos amarelos daqueles que não tinham historiador que contasse sobre suas vidas para as gerações seguintes.
  Era necessário então que eu existisse. Precisava relatar o cotidiano de quem não alterava as taxas monetárias nem debatia desenvolvimento sustentável, mas que deles sofriam as consequências.
  De repente, tudo isso não importava mais. Afinal, todos já foram embora. Eu era apenas um outro olhar com que se cruzaram hoje. Agora era minha vez de terminar minha jornada. Era o final da linha... justamente a minha parada.



Comentários

  1. Que texto! É texto ou poema? kkkk. Por favor me explica. Gostei muito. Parabéns!

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    Respostas
    1. Eu diria que é um texto mesmo. Porém, alguns trechos parecem mesmo com poesia. Muito obrigado!

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