Diário do Lacônico

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Palavras, para que tantas? O ser humano parece não entender a utilidade das palavras, penso eu. Falam muito, mas dizem pouco. Do que adianta então essa verbosidade? É balela. Ostentam o vocabulário extenso ao invés de uma mente eficiente.
   Mesmo os que utilizam uma linguagem coloquial, enchem-se de palavras. Não sabem ser concisos. Dão voltas e mais voltas até contar uma história que poderia ser resumida em cinco ou seis palavras. Qual a necessidade disso?
   Sou lacônico. Nem todos gostam de mim. Falou pouco. Mas, acho que digo mais coisas do que muita gente. Não desperdiço as palavras. Uso-as com precisão militar. Cada uma tem seu lugar e sua utilidade. Não jogo as palavras ao vento e nem menos falo a primeira coisa que me vem à cabeça. 
   Talvez tenha notado que me orgulho do jeito que sou. E está correto. Quando mais palavras dizemos, mais chances temos de falar o que não devemos. Além disso, os que falam muito costumam ser os que menos fazem o que dizem. O que é, de fato, as palavras que eles expressam? Nada.
   Gosto do tiro certeiro. Talvez eu seja perfeccionista. Quem sabe, um tolo? Não sei. Mas, não será com frases colossais ou textos longuíssimos que descobrirei o que é melhor para mim e para os outros. Um texto que enrola muito cansa rápido e muitos desistem de lê-los. Palavras perdidas. 
   Falo o que deve ser dito e na hora em que deve ser falada. Como penso no que vou dizer, as palavras possuem mais força, mais consistência e mais efeito. Elas resistem mais ao tempo. Fixam-se na memória com mais facilidade. 
   Acredito no pensamento de que "menos é mais". Não é para menos que sempre gostei do estilo da Bauhaus, antiga escola de design e arquitetura da Alemanha. Excesso de informação é que nem curto-circuito: apenas danifica, nada constrói. Confunde, ao invés de guiar. 
   O termo lacônico veio dos gregos. Referia-se ao comportamento dos espartanos, que prezavam pelo silêncio e o uso objetivo das palavras. Não vou a extremos, mas creio que eles estejam meio certos. Prefiro o pouco que funciona do que o muito que engana.

Atenciosamente,
O Lacônico

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De Alexandre Valério Ferreira

 

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