Janelas Divididas
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Os cobogós (popularmente chamados de combobol) cobriam praticamente toda a lateral direita do corredor. Permitiam a iluminação natural do Sol, sem que grande quantidade de calor fosse irradiado para o interior. Suas aberturas permitiam a ventilação, melhorando o clima interno.
Aquelas pequenas janelas são como nossos olhares. Cada um de nós tem uma perspectiva única das coisas. É comprovado que ninguém vê as cores da mesma forma. Por isso que as vezes discutimos se um objeto é azul ou verde. Esse tipo de confusão é bastante comum.
Como aqueles pequenos orifícios, nossos olhos permitem uma visão limitada da realidade. Ela pode se expandir ou se contrair. Tudo depende de como lidamos com a vida e com as diferenças. Se formos de mente fechada, ficaremos sempre limitados a um pequeno ângulo de observação e nossa compreensão do mundo e de nós mesmos será reduzida.
Ao aprender a entender os diversos olhares, expandimos nossa visão. Talvez seja esse o motivo de termos um ângulo limitado, para aprendermos a ver através dos olhos dos outros. Para tanto, é necessário aceitar nossas limitações e reconhecer as habilidades dos outros. A inveja e o ciúme podem ser um forte entrave para desenvolver essas qualidades, mas certamente vale a pena quando nos empenhamos para aprimorá-las.
Tentar entender como os outros enxergam as coisas não significa que concordamos com tudo aquilo que eles pensam. Afinal, assim como alguns nos expandem, outros nos limitam. Nem todos estão amadurecidos emocionalmente. Muitos não treinaram a mente para ver além do óbvio e quando o fazem, não reconhecem que podem fazer isso. Nem todos estão certos. É essencial o bom senso.
Viajar pode expandir nossa visão. Saber ouvir os outros, também. Ler é uma ótima forma de olhar por mais janelas. Alguns filmes, seriados ou peças de teatro também nos ajudam a ver além do óbvio. Mas, nem sempre.
Isso é evidente. Nem todos tem janelas expansoras. Infelizmente, a tendência, o mais comum, é rejeitar o diferente. Aceitar, de preferência, o que nos convêm. Porém, um velho ditado diz que quem avisa, amigo é. Críticas podem ser tão importantes quanto elogios e agrados, até mais, em alguns casos.
O ponto que pretendo chegar é que cada caso é um caso. Cada pessoa é uma pessoa. Cada janela é uma janela. E não dá para generalizar. Precisamos analisar uma a uma. Mas, cuidado: algumas janelas estão bloqueadas e podem machucar a vista. Outras, são como lunetas, fazendo-nos enxergar mais longe. Procuremos quem nos construa.
Alexandre Valério Ferreira
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