A Luz e a Mariposa

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- Por que me persegues, mariposa? 
- Você guia meu caminho.
- Por que insiste em me encontrar?
- Você apruma meu navegar.
- Por que gira tanto?
- É que é difícil te alcançar.
- Então, por que não desistes? Não percebes que teu esforço é inútil?
- A razão é que é melhor morrer do que não saber para onde ir.
- E quem disse que você vai encontrar seu objetivo em mim?
- Eu não sei.
- Que tolice
- Talvez seja.
- Loucura!
- Loucura...

- Ainda está ai?
- Sim
- Pensei que tinha caído...
- E realmente caí.
- Não tens medo de morrer?
- Basta estar vivo para morrer.
- De fato...
- Além disso, você a luz que guia meu caminho, a fonte de minha direção.
- Que loucura! Fui criada para iluminar os humanos, afastar os criminosos e enxotar os insetos. Mas, você insiste em irritar eles e a mim. Não percebe isso?
- Eu preciso de uma luz para me guiar. É com a luz que habita a escuridão que eu consigo navegar rumo ao futuro. Sem o ponto luminoso que impera nos céus, a gente se perde. E, perdidos, o que restará das mariposas?
- Espere o dia clarear...
- O sol machuca, a lua inspira.
- Eu não sou a lua...
- Você é a lua.
- Não sou!!!
- É
- Como sabe?
- Você é o ponto que mais brilha aqui no meio dessas trevas. Que mais seria senão a lua?
- Existem as lâmpadas, como eu.
- Lâmpadas devem ser luas...
- Não são, mariposa! Não são!
- Você é a minha lua.
- Você está louca! Não tem medo de morrer?
- Tenho medo de me perder, não de morrer...

(Texto de Alexandre Valério Ferreira, autor de Janelambulante)