Diário de um gato psicótico

Gata. Foto: autor.
  O céu estava azul. O clima era agradável. A manhã era perfeito e o café-da-manhã, delicioso. Não é para menos que Milu, uma gata de rabo laranja, estava super irritada. Era comum isso acontecer. Tão normal que era incomum eu me acostumar. Todo dia ela se levantava do sofá com a cara amarrada. Parecia que ia endoidar a qualquer momento.
  Não sei de onde ela veio. Foi de repente. Eu estava limpando a calçada, quando a vi do outro lado da rua. Peluda e carinhosa. Procurava algo, só não sei o quê. Perguntamos para os vizinhos se alguém sabia quem era o dono daquele animal. Parece que ninguém. Bem, achado não é roubado. Assim, ficamos com ela (ou melhor, ela quis passar uma temporada aqui).
  Ela era estranhamente carinhosa com os estranhos - a gente. Parece que a nossa casa já era seu lar. Mal sabia eu que ela não tinha lar, muito menos uma personalidade fixa. Ela surtava. Era pior que meu patrão ou algumas de minhas amigas. Era uma explosão de energia que, de forma desordenava, a empurrava para as mais diversas loucuras dentro de casa. 
  Em pouco tempo, as cortinas viravam fiapos e o sofá exibia seu interior. Eu acreditava que era um distúrbio bipolar o problema do gato. Uma hora, estava no meu colo dormindo, na outra, corria de um lado a outro da casa. Essas paranoias acabaram fazendo com que a gente se apegasse aquele animal. E logo demos um nome para ela. Seria nossa para sempre.
  Ela foi embora no dia seguinte. Encontramos ela a duas quadras de casa. Não adiantou trazê-la de volta. Sua vida não era aqui. Talvez, em lugar nenhum. Era uma gata excêntrica, pois não se apegava a nada e a ninguém. Seu caminho era a rua. O que procurava? Será que encontraria? Quem sabe sim, quem sabe não.


Alexandre Valério Ferreira




Comentários

  1. "Nós gatos já nascemos pobres, porém já nascemos livres..."

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    1. Exato! Os gatos são livres! Se eles nos procuram, é porque querem mesmo. Se voltam a nossas casas, é porque eles mesmo escolheram ficar.

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