Quem eu sou?

Imagem: http://www.dicasdeescrita.com.br/ficcao/criacao-de-personagem-as-fases-de-desenvolvimento/


ALGUMAS pessoas afirmam que a história de Lewis Carroll - Alice no País das Maravilhas - é uma alegoria sobre a fase da adolescência. A protagonista passa por momentos nos quais se sente enorme, gigante, enquanto que, em outros, está menor que um inseto.
   Nesse período de nossas vidas, estamos saindo da fase na qual nossa preocupação maior é agradar nossos pais; o cordão umbilical ainda não fora totalmente desfeito. E, de repente, entramos numa etapa em que nos preocupamos com os outros. 
   Uma mudança drástica. Pois, os primeiros viviam para nos proteger e cuidar, tentando tornar mais fácil nossa vida até estarmos prontos para lidar com a realidade crua. Enquanto que os últimos não estão concentrados em nos agradar. 
   Saber equilibrar todos os sentimentos que nos atingem nessa fase é tarefa complicada. A partir dela, desejamos compreender nosso papel na sociedade. Antes, parecíamos uma extensão dos nossos pais, como fôssemos um único ser. Agora, queremos nos diferenciar. A pergunta "quem sou eu?" é repetida inúmeras vezes. Caçamos a resposta como louco.
    De fato, é como Alice no tal País das Maravilhas. Há dias em que estamos bem humorados e tudo parece estar nos seus conformes. Uma vida perfeita. Mas, de repente, tudo muda. Sentimo-nos inferiores, incapazes, insignificantes. Tudo é inútil.
   Vivemos aquele dilema de não saber para onde ir. Só sabemos uma coisa: não podemos mais ficar que onde estamos para sempre. É preciso se mover, só não se sabe direito qual o caminho. O conflito emocional é evidenciado por comportamentos mesclados de maturidade e infantilidade. 
   Como não existe no DNA algo dizendo quando nos tornamos adultos de fato, nossos conflitos podem ultrapassar o intervalo da adolescência. Dessa forma, estamos lá com nossos 22 anos, concluindo a universidade ou trabalhando, mas sem ter a mínima ideia do que exatamente nós somos.
    Isso nos lembra Alice. Quando ela pensava que estava grande e tudo se resolvera, começava a se tornar minúscula, à mercê da terrível Rainha de Copas. Mas, se te serve de consolo, na história de Lewis Carroll, a protagonista consegue vencer os problemas. Você também pode.
   Claro, é preciso ter atitude. Esperar que alguém resolva seus dilemas é uma trágica ilusão, pois, mesmo que tentem, não o podem. A solução vem de dentro para fora, não o oposto. Você precisa aprender a valorizar as coisas, ser grato, reconhecer as qualidades e defeitos de si e dos outros, aceitá-los, não desistir, ser responsável por seus atos.
   No final, resolver a terrível crise de identidade é encontrar uma grande paz mental. Descobrir e construir o seu Ser interior trará bem para você e para os outros. Em vez de uma folha sacudida por qualquer brisa, você será uma árvore resiliente. Então, aguente esse sofrimento e vença. É possível!


De Alexandre Valério Ferreira

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