Um e seis

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De Alexandre Valério Ferreira

   Joguei os dados. Precisava de pelo menos 8 para chegar à vitória. Eu estava indo bem a partida toda. Ana estava 3 casas atrás e Jorge está quase moribundo, 10 casas depois de Ana. A vitória era inevitável.
   Não era difícil conseguir 8. Os dados finalmente pararam de girar. Um e seis. Não acredito! Que raiva! E, como se essa angústia não fosse o suficiente, ainda leio a carta da casa em que parei. Ficaria duas rodadas sem jogar...
   Mas, ainda tinha jeito, pensei. Ana jogou os dados: um e seis. Agora ela está na minha frente. Pelo menos ela recebeu um castigo: uma rodada sem jogar.
   Jorge arremessa os benditos dados. Eu nem prestei atenção. Deu um e seis. Porém, foi premiado com 5 casas! Como é que pode?! Não pode ficar pior!
   Jorge vai outra vez. Um e um! Ufa! Bem merecido! Quase me assustei. Primeiro, porque ele está bem próximo do final. Segundo, porque sou mais inteligente do que ele. Mereço a vitória. Claro, digo isso sem preconceito nem egoísmo.
   Ana joga: um e dois. Está empatada comigo. Mas,não recebe nenhum bloqueio para a próxima rodada. Estou tenso. Perder da Ana. Logo dela?! A menina mais lerda deste bairro! Não faz sentido.
   Por fim, o tal do Jorge, cujo nome já detesto, vai lançar os dados. Ele joga... os dados giram... O primeiro é um... Ufa! Já começou mal, pensei esperançoso.
   O segundo dado foi seis... Ele move a peça dele. Sete casas (uma a frente da minha, duas rodadas atrás). Ele venceu... Venceu o maldito jogo que comprei com tanto custo.
   Estou arrependido. Saio bufando. Não gostei. Não gostei mesmo. Que jogo sem graça. Não faz sentido nenhum. Não sou mau perdedor. Só estou raciocinando logicamente. 
   O que o inventor desse jogo tinha cabeça? Às vezes, as pessoas me surpreendem com atitudes tão ridículas que sinto vergonha de pertencer à raça humana... Sem brincadeiras...




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