Oitavo Andar
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A porta do 803 se fechou. E com ela, todas as minhas esperanças. Ela disse não. "Não" é uma palavra forte. Na verdade, é difícil de ser dita e muito mais de ser aceita. Felizmente o corredor estava vazio, pois assim ninguém me veria morto.
Fiquei um tempo sem saber o que fazer. Demorei tanto tempo que não percebi que havia um menino do meu lado. Ele me olhava com aqueles dois íris castanho-escuros. Parecia curioso. Será que até ele notara que eu estava dilacerado por dentro?
- Por quê existem os arco-íris? - Ele me perguntou.
Sinceramente, não faço ideia. Nunca me perguntei sobre. Na verdade, sou de perguntar pouco. Não questiono muito as coisas. Não sei filtrar muito as informações. Não gosto muito de ler. Livros não são meu forte.
- Não sei - respondo com gentileza.
- Como não? Você é adulto. Deveria saber... - responde ele com um ar de decepção.
- Mas por quê você me perguntou isso?
- Olha para a janela ali - responde ele.
Havia uma janela no fim do corredor? Nunca notei. Estranho... Vamos até lá. As ruas estavam movimentadas. Tristes como sempre. Quantos estariam sofrendo o mesmo drama que eu? Quantos teriam perdido um a....
- OLHA PRA CIMA! NÃO PRU CHÃO! - censura o menino.
O céu estava lindo. Um azul cintilante, vivo. Uma bela nuvem cumulus - nimbus exibia a ascensão do ar quente. Sim, aqui estava frio, agradável. E num vale de montanhas de nuvens, havia um magnífico arco-íris. Nunca vira um deles que fosse tão nítido.
Passei não sei quantos minutos lá. Quando olhei, o menino não estava mais lá. Eu estava sozinho novamente no corredor. Mas... pensando bem, o corredor não estava mais tão vazio como antes. Meu coração também não.
Alexandre Valério Ferreira
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